Cabo do Exército é preso em SP por suspeita de ligação com grupo neonazista

Um cabo temporário do Exército Brasileiro foi preso na segunda-feira (21) em Taubaté, em São Paulo, sob suspeita de participar ativamente de encontros de um grupo neonazista.

O que aconteceu

Prisão ocorreu durante a Operação Overlord. A ação é coordenada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas), força-tarefa composta, entre outros, pelo Ministério Público de Santa Catarina.

Gaeco cita "risco" de participação do militar nos encontros neonazistas. Conforme nota do grupo, mesmo que os crimes atribuídos ao cabo inicialmente não estejam relacionados às suas funções no Exército, "seu conhecimento avançado em táticas de combate e armas de fogo aumenta significativamente o nível de risco associado à sua participação no grupo".

Exército diz que todas as medidas administrativas cabíveis foram tomadas e colabora com a Justiça para elucidar o caso. O Comando Militar do Sudeste também informou à reportagem que o militar segue preso e à disposição da Justiça nas instalações do Comando de Aviação do Exército em Taubaté.

"O Exército Brasileiro não admite condutas ilícitas por parte dos seus integrantes, que afrontem os valores e princípios, sustentáculos da profissão militar", finalizou o órgão em nota.

Como o nome do cabo preso não foi divulgado, a reportagem não conseguiu encontrar a defesa dele para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

Operação visou desarticular o grupo neonazista

Grupo é investigado por incitar a discriminação e planejar atos violentos em diferentes regiões do país. Conforme nota do Gaeco, a operação ocorreu para combater o antissemitismo, discursos de ódio e apologia ao nazismo.

Mandados foram cumpridos em cinco estados e suspeitos de serem os principais líderes do grupo foram presos. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo (SP), Taubaté (SP), Curitiba (PR), Cocal do Sul (SC), Jaraguá do Sul (SC), Pomerode (SC), Caxias do Sul (RS) e Aracaju (SE). A ação também resultou na prisão preventiva (por tempo indeterminado) de quatro apontados como integrantes do grupo neonazista.

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Além do militar, um suspeito de exercer liderança do grupo foi preso. Ele também estaria ligado a um homicídio de um jovem do movimento punk ocorrido em 2011. Para o Gaeco, o crime foi motivado pela ideologia do agressor e demonstra o "alto grau de violência fomentado pelos investigados por integrarem a organização".

A investigação descobriu que o grupo tinha uma banda que fazia apresentação em eventos neonazistas pelo país. Bandeiras neonazistas eram exibidas nesses encontros e discursos de ódio promovidos nos locais atraíam um "crescente número de seguidores". Alguns desses encontros chegavam a reunir mais de 30 pessoas.

Esse mesmo grupo realiza uma cerimônia de "batismo" para os novos membros. Esse ritual tinha como objetivo "fortalecer os laços internos e reafirmar a adesão à ideologia nazista, sendo considerado crucial para a coesão e expansão do grupo".

Os membros do grupo se autodenominam skinheads neonazistas. Segundo o Gaeco, eles adotam como "símbolo o Sol Negro — um emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana — com um fuzil AK-47 ao centro. Esse símbolo representa, na visão dos investigados, tanto a supremacia branca quanto a glorificação da violência, indicando a disposição do grupo para o uso da força em sua imposição ideológica".

As investigações do caso continuarão, informou o Ministério Público de Santa Catarina. As apurações visam identificar todos os envolvidos no grupo para responsabilizá-los criminalmente.

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