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MP analisa inquérito sobre a morte de casal no Pará; Justiça negou a prisão de suposto mandante

Guilherme Balza

Do UOL Notícias <BR> Em São Paulo

19/07/2011 16h24

O Ministério Público do Pará recebeu nesta terça-feira (11) da Justiça de Marabá o inquérito policial sobre a morte do casal José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, assassinados a tiros durante uma emboscada em Nova Ipixuna (PA) no dia 24 de abril.

A promotoria de Marabá irá analisar e emitir parecer à Justiça. A Polícia Civil, que concluiu o inquérito ontem (10), já tem os nomes do suposto mandante e de outros envolvidos no crime. Amanhã, o delegado Silvio Maués, que presidiu o inquérito, divulgará o nome dos suspeitos.

Quase três meses após os crimes, que tiveram repercussão internacional, ninguém foi preso. A polícia pediu a prisão preventiva do suposto mandante em duas oportunidades, mas a Justiça de Marabá negou a prisão alegando não haver provas suficientes, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil.

Como o processo corre em segredo de Justiça, a coordenadoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Pará não disponibilizou o conteúdo das duas decisões que negaram a prisão do suposto mandante.

Segundo informações obtidas junto a autoridades do governo do Pará em junho, o principal suspeito de ter encomendado o crime era um fazendeiro que possui uma propriedade vizinha ao assentamento extrativista Prialta-Piranheira, onde o casal morava.

O fazendeiro teria comprado de um assentado uma área dentro do assentamento, o que é proibido. Ao saber da irregularidade, José Cláudio impediu a venda e denunciou o caso ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o que teria irritado o fazendeiro.

Duas semanas após o crime, a polícia divulgou o retrato falado de dois suspeitos de terem matado o casal, mas nenhum deles foi encontrado.

Seis camponeses mortos

Alguns dias após a morte dos extrativistas, o lavrador Eremilton Pereira dos Santos, 25, que morava no mesmo assentamento do casal, foi encontrado morto. No dia 1º de junho, um lavrador de 33 anos foi assassinado em Eldorado dos Carajás.

Inicialmente, a polícia afirmou que não havia relação entre as mortes, mas depois disse que a sequência de assassinatos seria uma estratégia dos responsáveis pelos crimes para atrapalhar a investigação policial.

Para conter a onda de violência, o governo federal decidiu enviar a Força Nacional de Segurança, além do Exército e Polícia Federal, para o sudeste do Pará e para o oeste de Rondônia, onde Adelino Ramos, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), foi assassinado enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO), em 27 de maio --na época, o principal suspeito pelo crime foi preso.

Na véspera da chegada das tropas, em 9 de junho, o camponês Obede Loyla Souza, 31, foi morto no acampamento Esperança, em Pacajá (PA).

A reportagem não conseguiu obter informações sobre o andamento das investigações policiais das mortes ocorridas em Carajás, Pacajá e da terceira vítima morta em Nova Ipixuna.