Topo

Após explosões de bueiros, presidente da Light anuncia pacote de R$ 160 milhões

Em protesto, adesivos em bueiros da Light no Rio alertam para risco de explosões - Fernando Maia/UOL
Em protesto, adesivos em bueiros da Light no Rio alertam para risco de explosões Imagem: Fernando Maia/UOL

Hanrrikson de Andrade<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>No Rio de Janeiro

22/07/2011 18h26

O presidente da concessionária de fornecimento de energia elétrica do Rio de Janeiro, a Light, Jerson Kelman, quebrou o silêncio nesta sexta-feira (22) ao anunciar investimentos de R$ 160 milhões destinados ao processo de reforma e modernização da rede subterrânea da empresa. O dinheiro será aplicado até dezembro de 2012.

No total, pelo menos 1.500 transformadores que hoje apresentam alto risco de explosão serão trocados neste período.

Em entrevista coletiva na sede da companhia, Kelman reduziu a responsabilidade da Light na série de explosões de bueiros que ocorreram nas zonas sul e central da capital fluminense. De acordo com o presidente, nos últimos 18 meses, apenas quatro incidentes foram provocados por problemas na rede de energia.

Kelman afirmou que a medida emergencial não será o suficiente para resolver o problema, já que a maioria das explosões teria ocorrido em função da presença de gás nas galerias subterrâneas. Ele argumenta que a crise está diretamente ligada às condições estruturais deficientes de outras concessionárias, tais como a Companhia Estadual de Gás (CEG).

A verba anunciada é, na verdade, uma antecipação do cronograma de investimentos definido pela concessionária. O pacote representa praticamente o dobro do valor que fora investido em 2011, segundo a companhia. Nos próximos dois anos, pelo menos R$ 320 milhões serão aplicados nos trabalhos de reestruturação da rede subterrânea de distribuição de energia elétrica.

Além da substituição dos transformados, a Light também se comprometeu a instalar pelo menos 1.170 sensores nas câmaras subterrâneas identificadas pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) como pontos de maior risco.

Mapa mostra locais onde bueiros explodiram no Rio de Janeiro em 2010 e 2011

Investigação criminal

A Procuradoria-Geral de Justiça encaminhou na terça-feira (19) um ofício à CPJIP (Coordenação das Promotorias de Justiça de Investigação Penal) do Ministério Público Estadual no qual pede que os casos recentes envolvendo bueiros da Light sejam enquadrados no artigo 251 do Código Penal.

Se aprovada a medida, os responsáveis pela empresa podem responder criminalmente por "expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos", cuja pena pode chegar a quatro anos de prisão, além de multa.

Light se livra de multa

O Termo de Ajustamento e Conduta (TAC) que obriga a Light a pagar R$ 100 mil a cada bueiro que explodir na cidade foi homologado pela 4ª Vara Empresarial da Capital. No entanto, como o acordo só vale a partir da publicação no Diário Oficial, a empresa se livrou de uma punição pelo bueiro que explodiu na segunda-feira (18) em Botafogo, na zona sul.

O incidente, que ocorreu nas imediações da rua Caimurano, feriu uma pessoa, e danificou uma moto e vitrines de lojas situadas próximas ao bueiro. Se a multa definida pelo MP fosse retroativa, o prejuízo aos cofres da Light seria de mais de um milhão de reais só em 2011.

De acordo com o juiz da 4ª Vara Empresarial, Mauro Pereira Martins, a aplicação de multas a Light pode fazer com que a concessionária acelere o processo de resolução do problema.