Topo

Militares suspeitos de envolvimento na morte de jovem em quartel são libertados

Aliny Gama e Carlos Madeiro<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>No Recife

11/08/2011 20h15

Os três soldados da Aeronáutica suspeitos de envolvimento na morte de uma jovem dentro do alojamento do Parque de Material da Aeronáutica (Pama), no Recife, foram libertados na tarde desta quinta-feira (11). Os nomes dos militares continuam sendo mantidos em sigilo.

Em nota, o Comando da Aeronáutica informou que recebeu "alvarás de soltura expedidos pelo Juízo da 7ª Auditoria da Justiça Militar, ordem concedendo liberdade provisória aos soldados presos em flagrante no último dia 7 de agosto."

Apesar de ganharem a liberdade, a Aeronáutica decidiu que os militares vão permanecer afastados "de todo e qualquer serviço armado". A Aeronáutica informou ainda que "permanecem em andamento as investigações referentes ao Inquérito Policial Militar instaurado com o objetivo de determinar os responsáveis pelo ingresso de pessoas estranhas àquela Organização na noite da ocorrência."

Depoimentos

Os três militares suspeitos serão ouvidos nesta sexta-feira (12) pela Polícia Civil, que investiga a morte da jovem Monique Valéria de Miranda Costa, 20, morta com um tiro na cabeça na noite do sábado (6).

O delegado Igor Tenório Leite afirmou, após colher depoimento das amigas da vítima, que os soldados tentaram dar a falsa impressão de que Monique teria sido vítima de bala perdida na rua, e não morta dentro do quartel.

Nesta quinta-feira, os pais de Monique, Rogério Siqueira e Vilma de Miranda, prestaram depoimento e afirmaram que acreditam na versão apresentada pelas amigas –que alegaram que o tiro que matou Monique foi dado acidentalmente por uma delas porque os militares disseram que as armas manuseadas pelas jovens não estariam carregadas. 

A mãe de Monique chegou a desmaiar na sede do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa e precisou ser socorrida, mas foi atendida e passa bem.

A morte

De acordo com familiares, Monique Valéria e as amigas Monique de Freitas e Mércia Cristina saíram para se divertir na noite do último sábado e informaram que iriam para um clube em Recife.

As jovens contaram que no caminho foram convidadas por um soldado para uma festa particular dentro do quartel da Aeronáutica com mais dois colegas de farda.

Em uma festa regada a bebidas alcoólicas, as jovens tiveram acesso a duas armas usadas pelos soldados e ficaram manuseando o armamento.

Elas posaram para fotos com uma pistola de 9mm, de uso exclusivo da Aeronáutica.

Segundo a polícia, as garotas contaram que Monique de Freitas manuseou a pistola e de forma acidental efetuou um disparo que acabou atingido e matando a amiga Monique Valéria.

As jovens e os três soldados afirmaram em uma primeira versão à polícia que a garota teria sido vítima de bala perdida, mas a informação foi desmentida horas depois.

Uma das mulheres entrou em contradição no depoimento e terminou confessando que Monique Valéria foi atingida por um tiro acidental vindo da arma de um dos soldados, e que elas estavam dentro de um dos quartos do Hotel de Trânsito da Aeronáutica.