Homem pede ajuda à polícia para ser atendido em hospital do interior de São Paulo

O microempresário Marcelo Henrique Sant’ana da Mota, 25 anos, de São José do Rio Preto (438 km de São Paulo), só conseguiu atendimento médico de emergência em um hospital da cidade após procurar a polícia.

Era madrugada do último sábado (13) quando Mota começou a sentir dores na região dos rins. Começava mais uma crise renal, problema que enfrenta há dois anos. O microempresário conta que chegou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Jaguaré.

Segundo ele, havia dezenas de pessoas no local, e a dor estava insuportável. “De tanta dor comecei a chorar, e as pessoas cederam sua vez para eu poder ser atendido antes, mas mesmo assim, nada, a enfermeira não se comoveu nem vendo eu me contorcer. Eu estava no limite”, disse ele.

Ao perceber que ia demorar para ser atendido, o empresário pegou o carro e foi para a Santa Casa de Rio Preto, onde teve  recusado o atendimento porque ele teria de apresentar o encaminhamento feito por um posto de saúde.  “Sou microempresário, pago tanto imposto e quando preciso sou tratado como nada. Decidi ir à polícia.”

Indignado, Mota foi para o plantão policial na região central, mas diz que lá o escrivão relutou antes de chamar o delegado. “Até na polícia me trataram com indiferença. O delegado chegou agressivo, mas acabou me ajudando depois de ver meu sofrimento.”

O delegado Davi Ferreira Rocha lavrou o boletim de ocorrência e ligou para o Pronto Socorro Central exigindo que Mota fosse atendido. Ao chegar ao pronto socorro, ele relata que foi recebido por duas enfermeiras e um médico.

“Precisou a polícia intervir para me tratarem como gente, é revoltante”. Mota passou a noite internado e foi liberado na tarde de sábado. Ele disse ainda que não foi a primeira vez que passou por isso, o que o motivou ir à polícia. “Cansei e fiz questão de tomar uma atitude. Se todos fizessem isso o atendimento melhoraria”.

Outro lado

Em nota, a Prefeitura de São José do Rio Preto informou que boletim de atendimento do paciente Marcelo foi aberto, na UPA Jaguaré, à 1h51. “Às 2h15, ele foi chamado pelo médico para atendimento e não respondeu ao chamado. Foi feita uma nova chamada às 2h20, mas também não houve resposta. Às 2h52 deu entrada do PS Central, atendido e medicado às 3h20”, informou a nota.