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Apenas 11 dos 51 feridos no engavetamento na Imigrantes registraram boletim de ocorrência

Guilherme Balza

Do UOL Notícias <BR> Em São Paulo

20/09/2011 19h03

Dos 51 feridos no megaengavetamento da última quinta-feira (15) na rodovia dos Imigrantes, em São Paulo, somente 11 registraram boletim de ocorrência até a tarde desta terça-feira (20), segundo informou a delegada Kátia Regina Martins, do 4º DP de São Bernardo do Campo (SP), onde o acidente é investigado.

No total, quase 300 veículos se envolveram no acidente, que causou a morte do caminhoneiro Luís Carlos Prestes, 40 --a família da vítima registrou boletim de ocorrência. Outros 88 boletins de ocorrência foram registrados por motoristas que tiveram prejuízos materiais. Segundo a delegada, estes casos não serão investigados pela polícia.

“Para a Polícia Civil só interessa investigar se houve crime de lesão corporal e homicídio culposo, quer dizer, se houve imprudência, negligência e imperícia. Não vamos nos ater aos danos materiais, que são da área cível”, disse Martins.

O registro boletim de ocorrência é necessário para as vítimas que sofreram danos corporais ou materiais que pretendem acionar seguros ou a Justiça. 

A delegada aguarda a conclusão do laudo pericial e o envio das imagens das câmeras de segurança instaladas na rodovia. As vítimas do acidente serão interrogadas nos próximos dias.

Ainda de acordo com a delegada, podem ser responsabilizados pelo acidente tanto a Ecovias, concessionária que administra a via, quando motoristas. “Ainda é cedo para falar em responsabilidade. Vamos avaliar”, afirma.

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Ecovias pode ser punida pelo acidente.

Para advogados entrevistados pelo UOL Notícias, a concessionária é responsável, e as vítimas devem acionar a Justiça para receberem indenização.

Um dia após o engavetamento, a Polícia Rodoviária Estadual anunciou que adotará o uso de carros para controlar o fluxo de veículos na subida para a capital paulista, mesmo sentido onde ocorreu o acidente. Até então, a medida só era aplicada no sentido oposto.

Família da vítima

O motorista Luís Carlos Prestes, que dirigia caminhões há 22 anos, deixou três filhos de 16, 11 e 2 anos. Segundo sua mulher, Elaine de Farias Prestes, 33, o trabalho com caminhoneiro era a principal fonte de renda da família, que mora em Limeira (151 km de São Paulo). “Eu sou autônoma, vendo produtos para salão de beleza”, afirma.

De acordo com Elaine, Luís Carlos trabalhava na transportadora Covre há 13 anos e fazia o trajeto Limeira-Santos com frequência. “Estamos esperando sair o atestado de óbito para correr atrás da pensão do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e de outros seguros”, diz.

O caminhoneiro foi sepultado em Pongaí, sua cidade natal, no sábado. “Cheguei de lá ontem à noite. Fui hoje buscar as coisas dele no trabalho. É difícil”, finaliza Elaine.