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Trabalhadores dos Correios contestam adesão divulgada pela empresa e alegam que greve atinge 75% da categoria

Trabalhadores dos Correios realizam manifestação em Belo Horizonte (MG), na quarta-feira (14) - Alex de Jesus/O Tempo/AE
Trabalhadores dos Correios realizam manifestação em Belo Horizonte (MG), na quarta-feira (14) Imagem: Alex de Jesus/O Tempo/AE

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

20/09/2011 10h37

A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) contestou nesta terça-feira (20) a suposta queda de adesão à greve no setor, divulgada ontem (19) pelos Correios, e informou que o movimento segue “maciço” em todo o Brasil.

Em nota ontem à noite, os Correios informaram que a adesão dos trabalhadores à greve da categoria, iniciada no último dia 14, caiu para 23%. Na última sexta-feira (16), o percentual de grevistas estava em torno de 30%, segundo a empresa.

De acordo com o comando nacional de mobilização, contudo, o índice refletiria apenas o final de semana. “Há um refluxo [no fim de semana] porque funcionários do setor administrativo em greve furam o movimento para funções operacionais às quais se pagam horas extras”, afirmou ao UOL Notícias Saul Gomes da Cruz, do comando de nacional de negociação da Fentect.

“E como os Correios podem dizer então que há todo esse prejuízo com a greve se a adesão, de acordo com a empresa, estaria menor? Poderemos inclusive alegar isso na Justiça contra eles, se quiserem declarar o movimento abusivo”, afirmou Cruz.

Em assembleia ontem à noite, informa a federação, os trabalhadores optarem pela continuidade do movimento na adesão que, segundo o comando, atinge pelo menos 75% --ou de 65 mil a 70 mil funcionários em todo o país --ligados à área operacional, na qual se inserem, por exemplo, os cerca de 55 mil carteiros da empresa. “E agora temos a adesão de outras cidades que não tinham aderido, como Uberaba (MG)”, salientou Cruz.

Além da continuidade, os grevistas ainda decidiram manter a realização de passeatas por todo o Brasil e assembleias diárias para definir os rumos do movimento --hoje às 14h, por exemplo, será realizada uma dessas em frente ao Ministério das Comunicações.

Ontem, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) advertiu que quem aderir à paralisação terá o ponto cortado. “Não podemos confundir greve com férias. Quem não trabalha não pode ser pago”, disse Bernardo, segundo o qual a direção dos Correios continua em negociação com os trabalhadores para chegar a um consenso sobre a proposta de reajuste salarial.

Para o comando de greve, as declarações do ministro “só jogaram mais gasolina ainda no movimento”. “Essas ameaças que vêm do alto só acirram ainda mais os ânimos. Afinal, nossa greve não é abusiva --inclusive orientamos o cidadão que coloca suas correspondências nas agências franqueadas que não há garantia nenhuma de entrega. Se isso for dado, ele precisa ir ao Procon, afinal, é uma mercadoria cara”, disse o representante da Fentect.