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Médicos deixam homem passar 80 dias com pedaços de telha no ombro em Mirassol (SP)

Dois pedaços de telha ficaram 80 dias<BR> em ombro de vigilante em Mirassol (SP) - Divulgação
Dois pedaços de telha ficaram 80 dias<BR> em ombro de vigilante em Mirassol (SP) Imagem: Divulgação

José Bonato<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Ribeirão Preto (SP)

21/09/2011 13h08

Um morador de Mirassol (452 km de São Paulo) ficou com dois fragmentos de telha de amianto encravados no ombro direito por 80 dias depois de cair de um muro. Nesse período, o vigilante Leonildo de Paula, 50, foi pelo menos sete vezes ao Pronto-Socorro Municipal, com o ombro inchado e sentindo fortes dores, e os médicos que o atenderam “apenas receitaram anti-inflamatórios e antibióticos”.

“Chegaram a pensar que eu tinha diabetes porque o machucado não cicatrizava.” Na última segunda-feira (19), em outra crise de dor, o vigilante voltou ao pronto-socorro. Dessa vez, além da dor ele reclamou que estava perdendo o movimento da perna direita. O médico que o atendeu, de acordo com Paula, abriu a região dolorida com um bisturi e achou os cacos de telha.

O vigilante afirma que limpava a calha do telhado de sua casa quando sofreu o acidente, há 80 dias. Ele caiu de um muro de três metros de altura, sobre a casinha do cachorro do vizinho. Na queda, quebrou duas costelas e sofreu cortes nas costas. Encaminhado ao Pronto-Socorro Municipal, recebeu vários pontos. O ferimento, segundo ele, não cicatrizava, inchou e produzia secreções constantes. “Nesse tempo todo eu precisei dormir de lado”, afirmou.

“Agora eu estou bem melhor. Não desejo a ninguém o que eu passei. Eu já estava ficando desesperado porque ninguém descobria o que eu tinha”, disse. Apesar de a última intervenção médica, na segunda-feira, ter solucionado o problema, Paula diz que foi o momento em que mais sofreu. “A anestesia não fazia efeito. Foram várias picadas. O médico cortou assim mesmo. Eu gritei muito, mas pelo menos sarou.”

Outro lado

A Prefeitura de Mirassol afirmou que não tem responsabilidade pelo que aconteceu porque a administração do Pronto-Socorro Municipal foi terceirizada em fevereiro de 2010 para o Lar São Francisco de Assis, entidade de Jaci (463 km de São Paulo).

A assessora de imprensa Michelle Berti afirmou que o Lar São Francisco de Assis não vai se pronunciar sobre o caso. Além do pronto-socorro, a entidade também administra a maternidade de Mirassol.

O advogado do vigilante, Adauto Rodrigues, 50, afirmou que seu cliente passou por exame de corpo de delito e registrou boletim de ocorrência. “Se a família resolver entrar com ação, será contra a prefeitura, não contra o Lar São Francisco de Assis, que é uma entidade séria”, declarou.