Corregedoria da PM vai investigar festa de miliciano em prisão do Rio
A Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro abrirá ainda nesta semana uma sindicância para investigar uma festa promovida pelo ex-policial militar Carlos Ari Ribeiro, o Carlão, 34, para comemorar o aniversário de um de seus filhos dentro do Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na zona norte da capital. A PM descobriu regalias concedidas ao acusado de integrar a principal milícia da zona oeste depois que o jornal "Extra" publicou nesta quinta-feira (22) fotos da comemoração.
Nas imagens, que datam de setembro do ano passado, Carlão --cujo temperamento é descrito pela polícia como "psicótico"-- aparece ostentando joias de ouro e sentado em volta de uma mesa com bebidas alcoólicas, refrigerantes e energéticos. No início deste mês, o miliciano conseguiu fugir do BEP (que deve ser fechado em breve) através do vão de um ar-condicionado.
Ex-PM oferece festa em presídio com uísque e energético
Segundo a PM, os agentes penitenciários que estavam trabalhando no dia da festa serão intimados. A Corregedoria também vai intensificar a apuração sobre as circunstâncias da fuga de Carlão.
De acordo com a legislação, os detentos podem realizar comemorações dentro dos presídios, porém há uma série de restrições preestabelecidas, tais como limites de horário e a proibição de bebidas alcoólicas.
O ex-policial militar responde criminalmente por seis homicídios e é acusado de outros dez --ele foi condenado a sete anos de reclusão por porte ilegal de arma e receptação.
Em julho de 2010, Carlão foi preso quando dirigia um carro roubado e portava uma pistola calibre 45 --exames balísticos comprovaram que tal arma foi utilizada no assassinato de pelo menos três pessoas. Na casa do miliciano, os agentes da Corregedoria encontraram uma verdadeira fortuna construída com o dinheiro das atividades ilícitas da milícia Liga da Justiça: sete automóveis, duas motocicletas, nove celulares e até uma lancha avaliada em cerca de R$ 90 mil
De acordo com informações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público, Carlão e outros integrantes da Liga de Justiça não encontravam dificuldades para gerenciar as movimentações da Liga da Justiça mesmo detidos no BEP.
A investigação da promotoria apontou que Ribeiro e um ex-PM identificado como Ivo Mattos da Costa Junior, o Tomate, utilizaram celulares dentro do batalhão prisional.
Matador de aliados
A fama de psicopata atribuída a Carlão não se restringe ao círculo dos policiais militares. Até mesmo aliados foram assassinados de forma impiedosa pelo pistoleiro, que já foi o braço direito dos principais líderes da Liga da Justiça: o ex-PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, e os irmãos e ex-parlamentares Natalino Guimarães (ex-deputado estadual) e Jerominho (ex-vereador).
Segundo investigações do Gaeco, Carlão matou pelo menos quatro companheiros de milícia que foram supostamente acusados de traição à Liga da Justiça
Um deles era Jadir Jeronymo Júnior, o Gorilão, que era responsável pela segurança do atual chefe operacional da quadrilha, o ex-policial militar Toni Ângelo de Souza Aguiar, o Tony. Outros milicianos identificados como Uilder Eduardo Espírito Santo, Leandro Soares Matias (Léo) e Denilson Santos (Bochechudo) também fora mortos por Carlão, de acordo com o Gaeco.
Após os assassinatos, os corpos das vítimas foram carbonizados e despachados dentro de um carro, abandonado na zona norte do Rio.
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