Motivos que levaram aluno a atirar em escola do ABC foram "enterrados com ele", diz delegada
Os reais motivos que levaram D.N.M., 10, a atirar na professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38, e depois se matar em uma escola de São Caetano do Sul (Grande ABC) foram enterrados junto com ele. Foi o que afirmou a delegada responsável pelo caso, Lucy Fernandes, durante entrevista coletiva nesta terça-feira (4).
De acordo com ela, os depoimentos dos colegas do aluno, realizados ontem (3), foram marcados por controvérsias. “Três estudantes acreditam que o disparo foi acidental, outra aluna, no entanto, disse que foi proposital”, relatou a delegada.
Lucy enfatiza que os depoimentos das crianças, expostas a trauma e estresse, “estão contaminados” com informações da própria imprensa. “Não sabemos até que ponto elas deturparam o que viram e ouviram”, disse.
O inquérito está prestes a ser concluído, sem uma resposta concreta das razões que levaram o aluno a atirar na professora. “Vou ouvir mais quatro amigos dele, para tentar esgotar todas as possibilidades, mas acredito que não será possível encontrar a real motivação”.
Na opinião da delegada, baseada no histórico do aluno relatado pelos pais, professores e colegas, o crime não foi premeditado. “Não combina com ele, se realmente tivesse premeditado o crime, ia querer se despedir, de alguma forma, dos familiares”. Ela, no entanto, não exclui a hipótese do aluno ter sido desafio indiretamente pelos colegas, apesar de já ter desconsiderado a participação de uma terceira pessoa no caso. "Os laudos da arma já confirmaram que os disparos foram feitos apenas pelo estudante", acrescenta.
Entenda o caso
Por volta das 15h50 do dia 22 de setembro, o aluno do 4º ano C da escola municipal Alcina Dantas Feijão atirou contra a professora. Em seguida, ele saiu da sala e atirou contra a própria cabeça. No momento dos disparos, havia 25 alunos na sala de aula.
A criança foi socorrida com vida pelos bombeiros e encaminhada ao Hospital de Emergência Albert Sabin, em São Caetano, onde morreu após duas paradas cardíacas.
A professora foi resgatada pelo helicóptero Águia da Polícia Militar e levada para o Hospital das Clínicas, na zona oeste de São Paulo. Ela foi atingida na região posterior do lado esquerdo na altura do quadril e sofreu fratura na patela direita. Ela também passou por cirurgia na rótula esquerda.
A arma usada no crime pertencia ao pai da criança, um guarda civil municipal. O revólver calibre .38 é particular. O caso foi registrado no 3º DP (Distrito Policial) de São Caetano.
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