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Camelôs fazem passeata pacífica no centro de São Paulo, mas comerciantes fecham as portas

Débora Melo*

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

27/10/2011 09h22

Os vendedores ambulantes irregulares do Brás, no centro de São Paulo, realizam uma passeata até o momento pacífica na região na manhã desta quinta-feira (27), após dois dias seguidos de confrontos com a polícia.

Apesar do clima mais ameno, os comerciantes têm fechado as portas à medida que a passeata passa diante das lojas. Aos gritos, os manifestantes pedem para que isso seja feito. Segundo a Polícia Militar, 15 pessoas foram autuadas por “obstrução de trabalho”.

“A gente está aqui para garantir o trabalho, mas os lojistas têm medo represálias no futuro”, afirmou o tenente coronel Benjamin Francisco Neto.

“Essas pessoas [que estão pedindo o fechamento do comércio] não são do sindicato, essa não é a postura do sindicato. Eu estou esperando um representante dos lojistas porque essas lojas têm de abrir hoje”, afirmou Leandro Dantas, presidente do Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo.

O efetivo de policiais militares neste terceiro dia de protestos dos ambulantes está bem maior que os dias anteriores. Segundo o tenente, a região conta com 850 homens. De acordo com a PM, o número de manifestantes também aumentou, chegando a cerca de 1.200 pessoas.

A decisão de autorizar a passeata foi tomada durante negociação entre a PM e Dantas, na manhã de hoje. Segundo o tenente coronel Neto, ficou acertado durante a reunião que as passeatas dos camelôs podem ocorrer desde que o grupo mantenha uma das faixas da Rua Oriente liberada ao tráfego. Os camelôs devem seguir agora de manhã para a Avenida Celso Garcia.

Mais cedo, a PM chegou a usar bomba de efeito moral para dispersar os manifestantes, que já haviam tomado a Rua Oriente e soltavam rojões ao mesmo tempo em que caminhavam pela via.

Violência no dia anterior

Os protestos dos ambulantes começaram na madrugada de segunda-feira (24) como reação ao endurecimento das operações de fiscalização para combater o comércio ilegal no entorno da Feira da Madrugada, onde milhares de visitantes de outras cidades e Estados compram diariamente tecidos e outros produtos.

PMs trabalham desde maio no local, combatendo o comércio irregular na chamada "Operação Delegada" e para isso recebem uma remuneração da prefeitura.

* Com informações da Agência Estado