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Comerciante estima prejuízo de R$ 60 mil após três dias de protestos no Brás

Débora Melo

Do UOL Notícias <br> Em São Paulo

27/10/2011 14h36

No terceiro dia de protestos de camelôs da Feira da Madrugada nas ruas do Brás, no centro de São Paulo, os lojistas da região começam a contabilizar os prejuízos causados pelo abrir e fechar de portas. Durante os protestos, alguns ambulantes intimidaram os comerciantes que, com medo de depredação, acabaram baixando as portas. Ao contrário do que ocorreu nos dois primeiros dias, porém, a manifestação desta quinta-feira (27) foi pacífica.

Sheila de Carvalho, gerente da loja Pacobuco, que fica na rua Oriente, disse que o prejuízo pode chegar a R$ 60 mil. “Quase não recebemos clientes nesses dias. Eles veem a situação pela imprensa e acabam não vindo para cá”, diz. Segundo ela, a estratégia é, mesmo com as portas fechadas, tentar chamar a clientela para dentro da loja.

A maioria dos lojistas, porém, prefere não se identificar por medo de represálias no futuro. O gerente de outra loja a rua Oriente calcula um prejuízo de cerca de R$ 50 mil. “Temos 15 funcionários fixos aqui. Por conta do que está acontecendo, não duvido que amanhã tenhamos que mandar metade embora. O movimento está muito ruim”, diz.

As reclamações, no entanto, não se limitam aos lojistas. Ercelina Paniz, 63, é comerciante em Soledade (RS) e costuma vir a São Paulo para fazer compras para sua loja de roupas. Ela conta que está na cidade há uma semana e que vai voltar para casa com menos mercadoria do que o planejado. “Mas eu acabei gastando bem mais, porque venho para cá e encontro tudo fechado.”

O dono de uma loja na rua Rodrigues dos Santos diz que seu faturamento “foi para o saco”. “A gente espera o fim do ano para faturar, mas agora ficou difícil. Levantar e baixar a porta a cada 15 minutos é o mesmo que estar fechado. E mesmo que eu abrisse a loja, não há movimento. Quem vai sair de casa para vir aqui depois de tudo o que está sendo noticiado?”

A Alobrás (Associação de Lojistas do Brás) informou que adota uma postura legalista e que entende que prefeitura e polícia estão fazendo seu dever de que a lei seja cumprida. A entidade disse ainda que os lojistas estão confiantes de que o fim do comércio irregular trará benefícios para a região.

Protestos

Os protestos dos ambulantes começaram na madrugada de segunda-feira (24) como reação ao endurecimento das operações de fiscalização para combater o comércio ilegal no entorno da Feira da Madrugada, onde milhares de visitantes de outras cidades e Estados compram diariamente roupas e outros produtos.