Comerciante estima prejuízo de R$ 60 mil após três dias de protestos no Brás
No terceiro dia de protestos de camelôs da Feira da Madrugada nas ruas do Brás, no centro de São Paulo, os lojistas da região começam a contabilizar os prejuízos causados pelo abrir e fechar de portas. Durante os protestos, alguns ambulantes intimidaram os comerciantes que, com medo de depredação, acabaram baixando as portas. Ao contrário do que ocorreu nos dois primeiros dias, porém, a manifestação desta quinta-feira (27) foi pacífica.
Sheila de Carvalho, gerente da loja Pacobuco, que fica na rua Oriente, disse que o prejuízo pode chegar a R$ 60 mil. “Quase não recebemos clientes nesses dias. Eles veem a situação pela imprensa e acabam não vindo para cá”, diz. Segundo ela, a estratégia é, mesmo com as portas fechadas, tentar chamar a clientela para dentro da loja.
A maioria dos lojistas, porém, prefere não se identificar por medo de represálias no futuro. O gerente de outra loja a rua Oriente calcula um prejuízo de cerca de R$ 50 mil. “Temos 15 funcionários fixos aqui. Por conta do que está acontecendo, não duvido que amanhã tenhamos que mandar metade embora. O movimento está muito ruim”, diz.
As reclamações, no entanto, não se limitam aos lojistas. Ercelina Paniz, 63, é comerciante em Soledade (RS) e costuma vir a São Paulo para fazer compras para sua loja de roupas. Ela conta que está na cidade há uma semana e que vai voltar para casa com menos mercadoria do que o planejado. “Mas eu acabei gastando bem mais, porque venho para cá e encontro tudo fechado.”
O dono de uma loja na rua Rodrigues dos Santos diz que seu faturamento “foi para o saco”. “A gente espera o fim do ano para faturar, mas agora ficou difícil. Levantar e baixar a porta a cada 15 minutos é o mesmo que estar fechado. E mesmo que eu abrisse a loja, não há movimento. Quem vai sair de casa para vir aqui depois de tudo o que está sendo noticiado?”
A Alobrás (Associação de Lojistas do Brás) informou que adota uma postura legalista e que entende que prefeitura e polícia estão fazendo seu dever de que a lei seja cumprida. A entidade disse ainda que os lojistas estão confiantes de que o fim do comércio irregular trará benefícios para a região.
Protestos
Os protestos dos ambulantes começaram na madrugada de segunda-feira (24) como reação ao endurecimento das operações de fiscalização para combater o comércio ilegal no entorno da Feira da Madrugada, onde milhares de visitantes de outras cidades e Estados compram diariamente roupas e outros produtos.
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