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Polícia investiga ligação de presos do PCC com incêndios a ônibus em Maceió

Carlos Madeiro

Do UOL Notícias, em Maceió

16/12/2011 14h49Atualizada em 16/12/2011 19h45

Uma onda de atentados contra ônibus urbanos está deixando a população de Maceió assustada. Entre a tarde da última quarta-feira (14) e a noite desta quinta-feira (15), três coletivos foram atacados e incendiados. Além disso, uma ameaça de arrastão fechou as portas de estabelecimentos do segundo maior bairro da capital alagoana, o Jacintinho. Segundo investigações, os atentados estão sendo comandados por presos que teriam ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), originário de São Paulo.

Na tarde desta sexta-feira (16), 23 presos acusados de liderar os ataques foram transferidos para um módulo de segurança máxima, dentro do sistema prisional, e ficarão isolados dos demais detentos. Segundo o governo, outros presos devem ser transferidos para presídios federais nos próximos dias.

O primeiro ataque a ônibus aconteceu na tarde de quarta-feira (14). O alvo foi um ônibus que fazia a linha José da Silva Peixoto–Joaquim Leão, que foi abordado por três homens armados. Os acusados mandaram os passageiros descer do veículo, retiraram o combustível do coletivo e o incendiaram. Um veículo que estava próximo também foi completamente destruído pelas chamas.

Segundo a Polícia Militar, nesta quinta-feira (15) outros dois atentados foram registrados na capital. O primeiro deles, no início da noite, destruiu parcialmente um ônibus da empresa São Francisco, no bairro da Cambona, que fazia a linha Rosane Collor-Centro. Testemunhas informaram que quatro homens armados chegaram e, após mandarem os passageiros descer, jogaram gasolina e atearam fogo no veículo. Os criminosos deixaram dois cartazes dizendo "contra a opressão nas cadeias" e "agente 100% favela".

O segundo caso foi registrado no fim da noite, na Cidade Universitária. Assim como nos outros dois atentados, homens armados abordaram o veículo, retiraram os passageiros e atearam fogo em um ônibus da empresa Tropical, que fazia linha intermunicipal Rio Largo-Maceió. Segundo os militares, o veiculo foi totalmente destruído.

Também na quinta-feira, uma ameaça de arrastão chegou a fechar estabelecimentos comerciais e órgãos públicos e reduziu a circulação dos coletivos pelo bairro. A polícia reforçou o policiamento no local e informou que a situação de hoje “está sob controle”.

Com a população assustada, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) se pronunciou na manhã desta sexta-feira e afirmou acreditar que os ataques contam com participação de integrantes do PCC. O governador, porém, não deu detalhes sobre autoria e anunciou que vai pedir ao Ministério da Justiça a instalação de uma base da Força Nacional de Segurança Pública no Nordeste, com sede em Maceió.

Em protesto contra os atentados, os rodoviários de Maceió fizeram uma manifestação e pararam dezenas de ônibus no centro da capital. A manifestação fechou ruas e causou um enorme congestionamento. "Os presos reivindicam melhorias e a população quem paga? Não pode, e o governo tem que agir. Cansamos de violência e é preciso ação. A categoria e os passageiros estão assustados", afirmou Ecio Luiz Marques, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Maceió.

As empresas de ônibus também anunciaram que podem adotar novas medidas restritivas de circulação, caso os atentados sigam ocorrendo.

Autores identificados 

Em nota oficial no fim da manhã, a Secretaria de Estado da Defesa Social informou que o serviço de inteligência já identificou os responsáveis pelos ataques.

O secretário Dário César afirmou que os atentados foram comandados por presos de Maceió, que estariam protestando contra a transferência de detentos para o módulo de segurança máxima recém-inaugurado.

“Já identificamos todos que ordenaram esses ataques de vandalismo, que têm por objetivo intimidar o poder público e atormentar a população. São foras da lei e assim serão tratados. Temos a missão de manter a ordem pública. Mas iremos reagir à altura contra todos eles e contra essas ações orquestradas”, disse, sem citar nomes.

A secretaria ainda pediu ajuda à população, que pode repassar informações pelo disque-denúncia (número 181).