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No Rio Grande do Sul, policiais civis do Paraná matam PM gaúcho com tiros de fuzil

Lucas Azevedo e Rafael Moro Martins

Do UOL Notícias, em Porto Alegre e Curitiba

21/12/2011 15h44Atualizada em 21/12/2011 16h37

Um policial militar gaúcho foi morto com cinco tiros de fuzil disparados por agentes da Polícia Civil do Paraná na madrugada desta quarta-feira (21), em Gravataí (região metropolitana de Porto Alegre). Os policiais paranaenses estavam no Rio Grande do Sul em serviço, mas as autoridades gaúchas não haviam sido informadas.

Conforme relato dos agentes do Paraná, eles estavam em um veículo Renault Logan quando foram abordados por um homem de motocicleta na avenida Planaltina, próximo à ERS-020, por volta de 1h30. Segundo os policiais paranaenses, o motociclista, que não se identificou, começou a atirar, e eles revidaram.

O motociclista era o sargento da Brigada Militar Ariel da Silva, 40, que estava à paisana. Silva era agente do serviço de inteligência da Brigada Militar na cidade e possuía 21 anos de corporação.

A Polícia Civil gaúcha investiga o caso. Preliminarmente, há na cena do crime elementos que contradizem o testemunho dos policiais civis paranaenses. Eles teriam disparado mais tiros do que disseram.

A Polícia Civil do Paraná divulgou uma nota na manhã desta quarta-feira lamentando a morte do sargento e afirmando que não se pronunciará no momento a respeito. Conforme o documento, a equipe que se envolveu no tiroteio era do Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial) e fazia uma investigação sigilosa de uma quadrilha acusada de praticar extorsão mediante sequestro.

“Ao chegar ao município, por volta de meia-noite de hoje (quarta 21), os policiais, armados de pistola, relataram que estavam sendo seguidos por um homem em uma motocicleta. Até que, em um semáforo, o homem abordou o veículo dos policiais. Houve troca de tiros”, descreve a nota. A Justiça gaúcha decretou agora à tarde a prisão temporária dos policiais paranaenses.

O Ministério Público (MP) acatou o pedido da Promotoria de Justiça Criminal de Gravataí e determinou a prisão temporária dos três. O promotor André Luís Dal Molin Flores afirmou em seu despacho que a prisão dos agentes é sustentada pelos “sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio, e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos”.

Após o decreto, os policiais civis se apresentaram à Corregedoria da Polícia Civil do Paraná e ficarão à disposição da Justiça gaúcha.

Fatalidade

O delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Marcus Vinícius Michelotto, disse lamentar o episódio, que classificou como “fatalidade”, e disse que ele coloca em risco as investigações que os paranaenses faziam em Gravataí.

“[O incidente] atrapalha bastante a investigação, pois haverá divulgação pela imprensa e pela polícia local. E temos uma pessoa, sequestrada no Paraná, ainda em cativeiro”, disse.

Para ele, não houve erro no procedimento adotado pela polícia paranaense no caso, que informaria os gaúchos da ação durante a manhã. “Faríamos contato com a polícia local pela manhã. O procedimento foi perfeito”, afirmou Michelotto. “Mas antes houve esse desacerto, essa sequência de erros [referindo-se ao tiroteio].”

O delegado-geral preferiu não comentar a reação dos policiais paranaenses à abordagem do brigadiano. “Não estava lá na hora, não tenho como dizer [se a reação foi precipitada]. Lamentamos o ocorrido, que tratamos como um incidente.”