Coveiros de cemitério público de Salvador param por atraso nos salários
Um dos maiores cemitérios públicos de Salvador (BA), com uma área de área de 52.500 m², o Quinta dos Lázaros, está com as suas atividades praticamente paralisadas desde o início da manhã desta terça-feira (3), quando os seis coveiros contratados pela empresa terceirizada White Limp Serviços de Manutenção deflagraram greve devido à falta de pagamento. Segundo eles, há mais de três meses não recebem os salários, que em média giram em torno de R$ 800 acrescidos de benefícios como vale transporte e vale alimentação.
Por funcionar de forma gratuita, é ao Quinta dos Lázaros que a maioria da população pobre da capital baiana recorre. No cemitério, único administrado pelo Estado, são realizados em média dez enterros gratuitos por dia, no chão, fora a área privada, onde são cobrados R$ 700 pelo sepultamento em túmulos. Com a paralisação, os enterros estão sendo previamente agendados. Nesta quinta-feira (5), foram programados apenas três sepultamentos, um a menos que na quarta.
“Acreditamos que muita gente esteja procurando cemitérios menores, da prefeitura, ou tendo que pagar, nos particulares”, estima Manoel Neves, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza da Bahia (Sindilimp), ao qual os coveiros são ligados.
Além dos seis coveiros terceirizados, o cemitério conta com outros quatro, pertencentes ao quadro do governo, lotados na Secretaria Estadual de Saúde. São eles que estão tentando atender à toda a demanda, mas se queixam de estar sobrecarregados.
O presidente do Sindilimp, Edson de Araújo, admite que apesar de estarem com os braços cruzados, os terceirizados tem aceitado trabalhar mediante a liberação de um agrado, entre R$ 30 e R$ 50, pago pela família dos mortos.
“O sindicato fica numa situação complicada. Como é que a gente pode proibir os trabalhadores de aceitarem um extra, se estão sem receber? São pais de família que precisam levar o pão para casa. A única forma de conseguir isso é driblando a greve dessa forma”, diz o sindicalista. Ele ainda acrescenta que o cemitério já contou com 30 coveiros.
“Essa redução no número de coveiros vem acontecendo há algum tempo e eles não nos informam o motivo, dizem apenas que é redução, mas não sabemos de quê”, diz Araújo. Ele ainda acusa o Estado de agir com descaso com relação à área pública do cemitério.
“Se os políticos e a população rica utilizassem a Quinta dos Lázaros, o cemitério não estaria na situação em que se encontra, com mato no lugar de grama, ossos à vista, mau cheiro, covas muito rasas, entre outros. Mas pobre só é lembrado na hora do voto, e como morto não vota...”, critica, acrescentando ainda falta de equipamentos elementares para o desempenho da função como luvas e botas.
A empresa White Limp Serviços de Manutenção informa já ter efetuado dois lotes de pagamento, um de R$ 800 e outro de R$ 1.000, por funcionário. “Faltam ainda R$ 600 para cada um deles e esperamos que o mês de janeiro seja pago em dias. No que depender de nós, a greve somente será suspensa quando todo o dinheiro estiver na conta dos trabalhadores”, assinala Edson Araújo.
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