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Secretário de Planejamento de Sapucaia (RJ) diz que há risco de novos deslizamentos

Do UOL*, no Rio de Janeiro

13/01/2012 13h10Atualizada em 13/01/2012 15h15

Um novo deslizamento de terra no distrito de Jamapará, na cidade de Sapucaia, no Rio de Janeiro, não está descartado, afirmou nesta sexta-feira (13) o secretário municipal de Planejamento e Defesa Civil, Marco Antônio Teixeira.

Segundo ele, parte do material que se desprendeu do alto do morro no dia da tragédia, que deixou 22 mortos, ainda não desceu, gerando assim grande risco de um novo deslizamento.


“Dois terços do material ainda está lá no alto, no entanto, ele mexeu. Existe um alto risco em duas áreas que fui analisar”, disse.

  • Arte UOL

De acordo com o secretário, ainda não há uma data definida para a retirada do material que ainda pode descer do morro. Teixeira destacou que será necessária ajuda do governo do Estado.

“Esse trabalho exige máquinas de grande porte, a prefeitura vai buscar isso junto ao governo do Estado para poder dar esse suporte técnico”, disse.

Na manhã de hoje, foram identificados os dois últimos corpos encontrados ontem (12) à noite sob os escombros das casas que foram atingidas pela avalanche de terra e pedras na rua dos Barros, em Jamapará.

Segundo a prefeitura de Sapucaia, trata-se de um homem de 39 anos, identificado com Luciano Rezende, e de uma mulher 42 anos, identificada como Ana Cássia.

Áreas de risco

Moradores tiveram que deixar suas casas e seus bens materiais após a Defesa Civil interditar 50 imóveis que correm risco de desabar em Jamapará. Somente na região, que tem cerca de 5.000 moradores, são 280 desalojados e 50 desabrigados. É o caso do guia turístico André Luiz da Silva, 38, que conseguiu salvar apenas pertences básicos antes de deixar um dos pontos ameaçados pela possibilidade de novos deslizamentos.

"Voltei para pegar algumas roupas e tentar salvar o máximo, mas não deu para transportar muita coisa. O mais importante agora é sair daqui enquanto há risco de novos acidentes. O que eu vi nesses dias, espero não ver nunca mais. Não sei o que faria se fosse com alguém da minha família", disse ao UOL.

Silva afirmou ainda que tentava vender um outro imóvel na cidade. "Estou tentando vender um imóvel aqui na cidade desde o ano passado. Antes do Réveillon, apareceu uma pessoa interessada, me passou telefone e tudo, e disse que entraria em contato comigo agora em janeiro. Depois de tudo o que aconteceu aqui nesses dias, não tenho nem coragem de entrar em contato [com o possível comprador] novamente.”

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Histórico

A cidade de Sapucaia, que possui mais de 17 mil habitantes, está situada em uma região montanhosa pela qual passa a Serra da Mantiqueira. Segundo a prefeitura, o município não tem um histórico de desastres provocados por chuvas, mas muitas casas antigas estão localizadas em encostas –a maioria construída na década de 60.

Em Jamapará, nunca houve uma ocorrência tão trágica. As áreas de maior risco em relação a intempéries climáticas estão situadas na divisa com Teresópolis, na região serrana, pois possuem diversas áreas de encostas e ruas construídas em meio aos morros.

No entanto, deslizamentos, desabamentos e outros eventos provocados pelas chuvas não são tão frequentes em comparação com outras regiões do Estado, de acordo com o governo municipal. Segundo o prefeito Anderson Zanon, as pessoas foram "pegas de surpresa".

Sapucaia não está na lista dos 251 municípios em áreas de risco (veja a lista em PDF) no mapeamento  feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O levantamento inclui as áreas mais propensas a sofrer algum tipo de desastre natural. Reportagem publicada pelo site Contas Abertas mostra que, desses 251 municípios, apenas 23 receberam recursos em 2011.

Em visita nesta quarta-feira ao município, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, afirmou que “no máximo em dois anos” todo o Estado será mapeado para a identificação das áreas de risco.

O vice admitiu que Sapucaia não entrou na lista dos 31 municípios prioritários para serem mapeados pelo governo estadual. “Estamos fazendo aos poucos mesmo, vamos apresentar aos prefeitos. Fizemos [o mapeamento] de 31, já tínhamos feito dos municípios da região serrana e agora vamos complementar com todos os municípios, porque não dá para fazer os 91. Até o final de 2013 nós vamos entregar os outros 60 que faltam", afirmou.

Situação no Estado

As chuvas que atingem o Rio de Janeiro causam estragos em ao menos 15 cidades do Estado. De acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil estadual sobre as regiões norte e noroeste –as mais afetadas até o momento–, sete municípios decretaram situação de emergência: Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira, Miracema e Aperibé.

O total de pessoas fora de casa no norte e noroeste soma cerca de 11 mil pessoas --esse número estava em 15 mil ontem, segundo os dados da Defesa Civil.

Mapa mostra as cidades afetadas pela chuva no norte do Rio

  • Arte UOL

*Com Agência Brasil