Sindicato pede que restrição de caminhões seja suspensa para haver reabastecimento; governo nega
O sindicato dos postos de combustível (Sincopetro) afirmou na tarde desta quarta-feira (7) que enviou à Prefeitura de São Paulo e à CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) um ofício pedindo que a restrição de caminhões na marginal Tietê seja liberada por sete dias, até que o serviço de abastecimento de combustível seja restabelecido.
A restrição na marginal e em outras importantes vias da capital foi decidida no ano passado, mas apenas na última segunda-feira (5) as multas começaram a ser aplicadas –o que motivou uma paralisação dos caminhoneiros autônomos, liderados pelo Sindicam (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens do Estado). O movimento gerou desabastecimento dos postos.
Na noite de ontem, a Justiça determinou que os trabalhadores retomassem o serviço. O sindicato acatou a ordem, e na noite desta quarta-feira os caminhoneiros decidiram suspender o movimento.
A prefeitura, porém, negou o pedido. Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes (SMT) disse que não haverá mudanças no esquema. Leia a íntegra da nota:
A Secretaria Municipal de Transportes (SMT) informa que não irá fazer alterações pontuais na proibição de circulação de caminhões na Marginal Tietê. Entendemos que os horários definidos para o transporte de cargas e também para o transporte de cargas perigosas definidos são suficientes para que as empresas possam realizar o abastecimento na Cidade. A própria categoria do transporte de combustíveis, que foi a primeira a sofrer restrições no Minianel Viário e Marginal Tietê em setembro passado, com proibição de circular entre 5h e 10h e 16h e 21h, conseguiu se adequar às normas. A SMT acredita que o setor possui logística necessária para normalizar o problema dos combustíveis em São Paulo no prazo mais curto possível, cumprindo as regras de circulação.
Falta de combustível
Segundo Alisio Vaz, presidente do Sindicom, 2 milhões de litros saíram hoje das bases das distribuidoras em 84 caminhões escoltados pela polícia, mas a demanda para a Grande São Paulo é de 30 a 40 milhões por dia, ou seja, apenas entre 5% e 6% da demanda foi atendida. Os caminhões que saíram, contudo, estão se dirigindo a serviços essenciais, como polícias, bombeiros e saúde. "Apenas cerca de 10% das entregas vão para postos. Os comboios estão com escolta, mas não há possibilidade de escolta atender a todos", afirmou o presidente.
Pelos cálculos do sindicato, caso não haja flexibilização da prefeitura, a normalização do serviço deve demorar de sete a oito dias --aberta a exceção, o serviço pode voltar em três ou quatro. Os sindicatos ressaltam que os cálculos são baseados na hipótese de os trabalhadores voltarem ao trabalho ainda hoje, respeitando a decisão judicial. Se, na assembleia ficar decidido que o movimento continua, novas medidas judiciais devem ser estudadas.
Consumidores reclamam das filas e dos preços abusivos. "Falei com meu pai agora e ele me disse para abastecer porque está faltando combustível. Só que o primeiro posto em que eu parei me cobrou R$ 3,60 o litro da gasolina aditivada, porque não tinha a comum", reclamou o empresário Ricardo Nascimento, que costuma pagar R$ 2,90 o litro.
Preços abusivos
Até o final da tarde desta quarta (7), ao menos quatro gerentes de postos haviam sido detidos pelos preços abusivos cobrados nas bombas devido à falta dos combustíveis.
A Fundação Procon-SP está recebendo denúncias sobre os abusos e, até o momento, 42 casos foram registrados apenas na capital. O órgão esclarece que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é considerada como prática abusiva “elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços”.
“É muito importante que o consumidor exija a nota fiscal e denuncie. Na capital a denúncia pode ser feita pelo telefone 151”, afirma o Procon. O diretor executivo, Paulo Arthur Góes, informa que as denúncias serão investigadas pelo órgão e “se confirmada a conduta, o posto será multado e o caso encaminhado ao Ministério Público, para análise da questão criminal”. O valor da multa varia entre R$ 400 a R$ 6 milhões.
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