Família entra na Justiça contra médico que deixou pedaço de agulha em pescoço de criança operada
Em Araxá, interior de Minas Gerais, uma menina de 6 anos vive com uma agulha de cerca de um centímetro e meio alojada no pescoço há pouco mais de três meses. O pai da criança, o lubrificador André Luiz da Silva, conta que ela fez uma cirurgia de retirada das amígdalas e adenoide no dia 5 de dezembro de 2011, mas a agulha da anestesia quebrou e o médico não a retirou.
A família da criança entrou na Justiça contra o médico por lesão corporal, segundo o advogado José Antônio de Faria. “O processo é apenas para que ele possa responder pelo fato. Ainda não há previsão de indenizações”, afirma o defensor.
No dia da cirurgia, o pai registrou um boletim de ocorrência na Polícia Militar. O médico Gilberto Pereira Mariz chegou a ser ouvido e informou aos policiais que a retirada do objeto poderia ser mais danosa que a permanência dele no corpo da criança. Segundo o relato, um dente de leite da menina poderia cair no momento da cirurgia e obstruir as vias aéreas.
No documento, o pai disse que a criança deu entrada no hospital Casa do Caminho às 7h e só foi liberada após as 15h. “Eu a escutei se debatendo e gritando de dor dentro da sala de cirurgia. Fui até lá para saber o que era, e o médico contou. Fiquei desesperado”, disse por telefone ao UOL.
Quinze dias após a cirurgia, o pai levou a criança em um hospital particular de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, mas, segundo ele, o médico também se negou a fazer a retirada. “Ele também achou arriscado e disse que teria que ter a presença do primeiro médico”, disse.
Após três meses do fato, ainda não há previsão para a retirada da agulha do pescoço da menina. O pai disse que a filha desenvolve todas as atividades normalmente, não sente dores e tampouco reclama, mas ele espera que o objeto possa ser removido. “Ainda tenho medo que algo possa acontecer a ela”, afirmou.
A reportagem procurou pelo médico, mas quem respondeu foi o advogado dele, Paulo Roberto Santos. Segundo Santos, o médico se disponibiliza a pagar novos exames para que seja avaliada a atual situação da criança. "Esse fragmento já pode ter sido expelido naturalmente, mas estamos à disposição da família", alegou.
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