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Tales: Não há lei que livre da prisão quem devolve produto de roubo

A tese de que Jair Bolsonaro não deve ser condenado à prisão no caso das joias porque as devolveu não faz sentido, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta sexta (5).

Ontem, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e onze auxiliares pela venda de joias recebidas na Presidência. Os filhos dele e aliados saíram em defesa do ex-presidente, alegando que os objetos foram devolvidos à União e que há perseguição política.

Primeiro, vamos falar dessa versão do filho do Bolsonaro e do advogado de que ele devolveu as joias e, portanto, não houve dolo nem crime.

Um sujeito rouba uma carteira e sai correndo. Todos o cercam, ele devolve a carteira e diz que está livre. Tem que criar uma lei específica para isso: se você devolver o dinheiro de um assalto, estará livre de condenação.

Ainda não existe essa lei, mas pode ser que os bolsonaristas, ou o Sergio Moro lá no Senado, consigam votar ali, já que querem criar uma lei da anistia com essa direção. Tales Faria, colunista do UOL

Tales criticou as declarações do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que comparou o caso de Bolsonaro à de Lula e disse que o atual presidente "não foi indiciado por se apropriar de presentes" que recebera em seus mandatos anteriores.

É curioso Sergio Moro vir com essa defesa. Ele condenou Lula por ter ido, junto com a então primeira-dama, ao tríplex do Guarujá. Moro concluiu que, como Lula foi lá, era o dono e o condenou por isso. Os bolsonaristas acham que está certo. O princípio do Moro foi esse. Não houve papel de transferência do tríplex, nada disso.

Agora o Moro vem e diz que não dá para condenar [Bolsonaro] pelas joias. É muito impressionante. Isso é um pouco a deformação da Justiça. Há juízes que se transformaram em políticos e passam a analisar tudo do ponto de vista dos seus interesses políticos. Tales Faria, colunista do UOL

Josias: Moro deveria ficar do lado da probidade e ver que Bolsonaro errou

O senador Sergio Moro deveria estar do lado da Justiça em vez de sair em defesa de Jair Bolsonaro no caso das joias, disse Josias de Souza. O colunista defendeu mudanças na legislação sobre o tema.

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Moro deveria, mesmo reconhecendo ser uma lei que precisa de aprimoramentos, ficar do lado da probidade. Como ex-juiz, deveria realçar o problema e sustentar a posição segundo a qual Bolsonaro está errado.

A despeito da lei, Moro deveria reconhecer que não é razoável um presidente se apropriar de joias valiosíssimas, vendê-las e transformá-las em dinheiro para seu benefício próprio. (...) Não há lacuna legal que justifique a apropriação de bens tão valiosos pelo presidente de plantão. Josias de Souza, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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