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Polícia solta único homem suspeito de integrar "gangue das loiras"

Do UOL*, em São Paulo

22/03/2012 10h04Atualizada em 22/03/2012 10h17

 A Polícia Civil de São Paulo soltou nessa quarta-feira (21) Wagner de Oliveira Gonçalves, 37, apontado ontem como suspeito de ser o único homem a integrar a chamada “gangue das loiras”.

Gonçalves havia sido preso ontem à tarde, mas, de acordo com a 3ª delegacia antissequestro do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o rapaz teria sido confundido com outro, de mesmo nome, apesar de ter passagens policiais por roubo e de ser casado com uma das integrantes da gangue.

“Ele mesmo disse ontem que é ladrão de condomínio e que deixou a cadeia no começo do ano. Como nenhuma vítima veio reconhecê-lo, e como o Wagner que é da gangue é outra pessoa, tivemos de soltá-lo”, disse o chefe da investigação na 3ª delegacia, Douglas Gomes. 

Segundo o investigador, policiais estão nas ruas em busca do suspeito, contra o qual foi expedido mandado de prisão.

A ação da gangue

A prisão da operadora de telemarketing Carina Geremias Vendramini em Curitiba, no último dia 9, foi o primeiro passo para a desarticulação do grupo, que teria realizado mais de 50 sequestros-relâmpago em São Paulo. Também há registros de casos no Rio de Janeiro.

Conforme as investigações, a quadrilha é composta por sete pessoas: um homem e seis mulheres, cinco delas, loiras. Elas são de classe média alta, usam carros importados e roupas de grife. Algumas têm curso superior.

De acordo com a polícia, o grupo atuava em duplas ou trios e abordava mulheres em estacionamentos de shoppings centers e hipermercados da zona sul de SP. 

Para o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Jorge Carlos Carrasco, as informações prestadas por Carina ajudam a polícia a chegar aos outros integrantes. “O grupo começou invadindo e assaltando condomínios e, em 2009, migrou para o crime de sequestro-relâmpago."

Carina já esteve presa por sete meses em 2008 pelo mesmo crime de sequestro-relâmpago, e foi liberada por falta de provas. Depois da prisão, passou uma temporada na Nova Zelândia, onde conheceu o marido, antes de voltar a praticar crimes em São Paulo.

“Bonnie e Clyde”

A polícia afirma que identificou a quadrilha pela semelhança na maneira de agir dos sequestradores. “A princípio, acreditávamos que eram grupos diferentes, porque eles se revezavam nas ações. O grupo era sempre formado de um homem e uma ou duas mulheres, mas a descrição das mulheres era sempre diferente”, explicou ontem o delegado Alberto Pereira Matheus Jr, da 3ª Delegacia Antissequestro, que acompanha o caso. Segundo o relato das vítimas, Wagner e as parceiras de crime se tratavam por “Bonnie" e "Clyde” –em referência à dupla de criminosos do filme americano.

Segundo o delegado, as vítimas eram sempre mulheres sozinhas –geralmente loiras, para que as criminosas pudessem se passar por donas do cartão de crédito roubado. Elas eram abordadas por Wagner em estacionamentos enquanto estavam distraídas, guardando as compras no porta-malas. A vítima era mantida rendida dentro do carro que o criminoso dirigia, enquanto as comparsas desciam com o cartão para sacar dinheiro ou fazer compras.

Em um dos últimos sequestros, em dezembro de 2011, uma das assaltantes gastou R$ 17,5 mil em iPads e celulares numa loja do shopping Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Frequentemente, dois ou três sequestros eram praticados no mesmo dia. Mais casos foram registrados nos shoppings Ibirapuera, Iguatemi e num hipermercado na avenida Ricardo Jafet, na zona sul.

Embora nenhuma das vítimas tenha sofrido ferimentos graves, a quadrilha era violenta no trato com as reféns. “Elas levavam coronhadas, puxões de cabelo, sempre das mulheres. Wagner era ‘o bonzinho’ do grupo”, afirma Matheus Jr.

Além de Carina e Wagner, são acusadas de envolvimento nos crimes a irmã de Carina, Vanessa Geremias Vendramini, 23, Franciely Aparecida P. dos Santos, 23, Priscila Amaral, 32, Simara Lian e Monique Awoki Scasiota, que é mulher de Wagner. O grupo é da região da Bela Vista, em São Paulo, e atua junto pelo menos desde 2008. Foram dois meses de investigação para se chegar à identidade do grupo. Os integrantes continuam foragidos. Todos têm passagem na polícia por assalto ou sequestro-relâmpago.

*Com informações de Denise Galvani

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