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Ministério Público denuncia 12 por morte de adolescente no Hopi Hari

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

09/05/2012 11h49Atualizada em 09/05/2012 12h03

O Ministério Público de São Paulo apresentou nesta quarta-feira (9), em Campinas (93 km de São Paulo), denúncia de homicídio culposo (sem intenção de matar) contra 12 pessoas pela morte da adolescente Gabriela Nichimura, 14, no parque de diversões Hopi Hari, localizado na cidade de Vinhedo (79 km de São Paulo). Ela morreu no dia 24 de fevereiro deste ano ao cair do brinquedo "La Tour Eiffel".

Os nomes dos denunciados à Justiça criminal foram divulgados em entrevista pelo promotor criminal de Vinhedo, Rogério Sanches. Entre eles estão o presidente do parque, Armando Pereira Filho e os diretores Flávio da Silva Perreira, Fábio Ferreira da Silva e Stefan Fridoloin.

Também foram denunciados oito funcionários dos setores de operação e manutenção dos brinquedos: Marcos Antonio Leal, Vitor Igor Spinucci de Oliveira, Amanda Cristina Amador, Edson da Silva, Lucas Martins Figueiredo, Adriano Cesar de Souza, Luiz Carlos Pereira de Sousa e Juliano Ambrósio. Se condenados, eles podem pegar de um a três anos de prisão.

Ao todo, a Polícia Civil indiciou 11 pessoas pela morte. À lista dos indiciados, o MP acrescentou três pessoas --Amanda Cristina Amador Flávio da Silva Perreira e Fábio Ferreira da Silva --e não denunciou Claudio Luis Pinheiro Guimarães (vice-presidente) e Rodolfo Rocha de Aguiar Santos (técnico em eletrônica), que estão entre os indiciados.

No último dia 27, o delegado que indiciou o grupo, Álvaro Santucci Junior, declarara que os responsáveis pela morte da menina haviam sido “negligentes, relapsos, omissos e imprudentes”. Gabriela morreu no dia 24 de fevereiro após cair do brinquedo La Tour Eiffel, conhecido como elevador.

Conforme o inquériro que subsidiou a denúncia, na véspera do acidente, foi realizado um serviço de manutenção do brinquedo e ele foi liberado para funcionar horas antes da ocorrência, registrada por volta das 10h30 de uma sexta-feira.

A cadeira ocupada por Gabriela estava há cerca de dez anos inoperante, mas não tinha nenhuma sinalização para alertar os frequentadores. Segundo o delegado, na manutenção de véspera, uma trava de acionamento manual, localizada atrás da cadeira, não foi acionada de volta --era esse dispositivo que impedia o uso do assento, ao impedir que o cinto se abrisse. “É um erro grosseiro e que revela imperícia, negligência, despreparo e, em alguns indiciamentos, até omissão”, afirmou.

Parque fica no interior de SP

  • Arte/UOL

Conforme a Polícia Civil, os dois representantes da diretoria contribuíram para o homicídio à medida que desrespeitaram artigos do Código de Defesa do Consumidor que tratam sobre a necessidade de o prestador alertar sobre eventual periculosidade do serviço ofertado.

Em nota, a administração do parque afirma que irá aguardar a decisão judicial antes de se manifestar. O Hopi Hari, no entanto, afirmou que o acidente foi uma “fatalidade” causada por uma “série de falhas humanas”.

Perícia em cadeira errada

A investigação sobre a morte de Gabriela sofreu uma reviravolta quando a mãe da adolescente mostrou fotos tiradas minutos antes do acidente e verificou-se que a primeira perícia policial no brinquedo havia sido feita no assento errado. Uma segunda perícia foi realizada, desta vez na cadeira efetivamente usada pela jovem, e constatou-se que a trava abria quando o brinquedo era colocado em atividade.

Carta dos pais

Quando da conclusão do inquérito, ospais de Gabriela mandaram um e-mail do Japão, para onde retornaram no último dia 31, à polícia. Eles passavam férias no Brasil quando ocorreu o acidente. No texto, eles agradeceram os trabalhos da polícia e do MP e concluíram que “o indiciamento destas pessoas não irá fazer com que esqueçamos o pesadelo que estamos vivenciando”.

“A Justiça irá demonstrar que os responsáveis não ficarão impunes e suas consciências carregarão para a eternidade a responsabilidade pela morte de nossa filha”, completaram os pais.

O acidente

O acidente ocorreu por volta das 10h30 do dia 24 de fevereiro deste ano, uma sexta-feira. A garota caiu de uma altura de cerca de 25 metros e foi levada para o hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), mas não resistiu. Ela teve traumatismo craniano seguido de parada cardíaca.

O parque fica no km 72,5 da rodovia dos Bandeirantes. O brinquedo onde ocorreu o acidente tem 69,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de 23 andares. Na atração, os participantes caem em queda livre, podendo atingir 94 km/h, segundo informações do site do parque.