Quem é Batata? Chefão do PCC preso sábado bolou plano pra resgatar Marcola
Considerado um dos chefões do PCC (Primeiro Comando da Capital), Leonardo Vinci Alves de Lima, o Batata - também chamado de Batatinha -, teve a sua prisão tratada como troféu pela cúpula da Segurança Pública de São Paulo. O cumprimento do mandado de prisão por tráfico de drogas ocorreu no sábado (29) em Mongaguá (SP) pela PM (Polícia Militar) e o pôs de volta na cadeia após ter sido solto pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
"A Rota acaba de prender em Mongaguá uma peça-chave do PCC. Informações de inteligência apontaram que ele coordenava o tráfico em Paraisópolis. Vulgo 'Batata' estava solto desde junho de 2023, executando missões para o crime. Continuaremos capturando lideranças da facção", tuitou o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Chefão do PCC e plano para resgatar Marcola
A celebração da prisão de Batata pela cúpula da Segurança Pública se deve à posição dele no PCC. Ele era considerado como parte do SGF (Sintonia Geral Final) da maior facção criminosa do Brasil, grupo dentro da organização responsável por tomar decisões estratégicas.
Não se sabe com exatidão a função de Batata dentro do PCC, mas, de acordo com o MPSP (Ministério Público de São Paulo) e a PM, o criminoso foi um dos responsáveis por comandar o tráfico de drogas da facção, tendo como principal poder de mando a região de Paraisópolis, na capital paulistana.
Batata também passou a ser suspeito, segundo a Rota, de ser um dos articuladores de planos de tentativas de resgates frustrados do principal nome do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, da cadeia de Presidente Venceslau. Isso provocou a transferência de Marcola e de outros 14 presos para penitenciárias federais, em 2019.
A defesa de Batata nega as acusações e sustenta que ele nunca participou de qualquer organização criminosa.
Camelô na infância
Paraibano de Campina Grande, Batata — também conhecido no mundo do crime como Batatinha — nasceu em 1976, sendo o caçula de quatro irmãos. Ele chegou a São Paulo aos 7 anos e estudou até o 7º ano do fundamental, segundo narrou em seu exame criminológico de pleito progressão de regime — o pedido foi negado. O documento foi obtido pelo site Metrópoles.
No exame, Batata ainda diz que virou camelô aos 8 anos, quando passou a usar entorpecentes até os 17 anos. Ele ainda revelou que não sofria violência doméstica, tinha os pais presentes e que não havia histórico de envolvimento de parentes no crime.
Batata também relatou que, antes de ser preso, exerceu as atividades de mecânico, na construção civil e de balconista. Contou ter sido casado por 15 anos e pai de três filhos.
Da prisão à liberdade e o retorno para cadeia
Leonardo Vinci é um velho conhecido nas investigações sobre o crime organizado. Era monitorado desde 2011 pelo MPSP como um dos chefões do setor de tráfico de drogas do PCC, sendo flagrado em escutas telefônicas conversando com presos e parceiros da rua sobre mercadorias de entorpecentes e apreensões de armas da facção.
Embora tenha sido denunciado à Justiça pelo MPSP junto com outros 175 membros do PCC em 2013, a prisão de sábado é resultante de um flagrante feito pela PMSP. Ele estava com 2 quilos de cocaína na Vila Andrade, zona sul de São Paulo, em 28 de agosto de 2019, quando foi abordado.
A condenação ocorreu em 2020, com pena de 10 anos de prisão por tráfico de drogas. Depois de quatro anos encarcerado, sua liberdade veio em junho de 2023. O ministro Sebastião Reis Júnior, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), anulou a sentença de primeiro grau. O magistrado aceitou a tese da defesa de que as provas colhidas no flagrante eram ilegais. Isso pôs Batata de volta às ruas.
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Quero receberPouco mais de um mês depois, a 6ª Turma do STJ reverteu a decisão monocrática do ministro e expediu outro mandado de prisão pela condenação de 10 anos por tráfico de drogas. Batata, então, passou a ser considerado foragido, sendo preso novamente pela Rota.
Batata usava documento falso, diz PM
Durante a prisão, no sábado, a PMSP diz que Batata se apresentou com outro nome: Flávio Pinheiro da Silva, natural do Maranhão. Ao ser questionado, o suspeito teria confessado a compra do documento falso no Centro de São Paulo, por R$ 2 mil.
Procurada, a defesa de Batata disse que ele é inocente e que a prisão ocorreu fora do horário permitido. O advogado Pedro Andrey Campos Rodrigues também afirma que o documento falso não foi utilizado, e que o suspeito não pode ser responsabilizado penalmente por isso.
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