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PF e consulado libertam 21 paraguaias mantidas como prostitutas em bordéis de Santa Catarina

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

05/10/2012 14h02

A Polícia Federal e agentes de segurança do Consulado do Paraguai em Curitiba libertaram 21 mulheres paraguaias que estavam escravizadas em três bordéis às margens da BR-101, no sul de Santa Catarina.

A ação de surpresa contra o tráfico internacional de pessoas, batizada operação Sísifo, começou na noite da última quarta-feira (3), em boates nas cidades de Imbituba e Imaruí (80 km ao sul de Florianópolis).

Três cafetões foram presos, sendo duas mulheres e um policial militar catarinense aposentado. O crime é inafiançável e passível de oito anos de prisão. Um quarto homem fugiu e está sendo procurado. Os nomes ainda não foram divulgados pela PF.

A investigação começou na delegacia da Polícia Civil de Imbituba, em junho passado, numa operação antidrogas. Os agentes constataram que os bordéis Love Night e Talismã, de Imbituba, e a Boate da Arlete, de Imaruí, abrigavam várias mulheres estrangeiras. Naquele primeiro momento, eles não interferiram.

No início de setembro, uma mulher de 25 anos, paraguaia, foi encontrada por um morador da região correndo por uma estrada rural, com as roupas rasgadas. Ela estava debilitada. Pediu socorro, contando que havia fugido de um bordel.

O morador levou a mulher à delegacia de Imbituba, mas, por se tratar de estrangeira, o delegado Rafael Jordani acionou a Polícia Federal em Santa Catarina.

Dias depois, duas adolescentes paraguaias fugiram das mesmas boates e conseguiram chegar à mesma delegacia, sendo encaminhadas ao Conselho Tutelar da cidade. O Consulado do Paraguai foi, então, notificado.

Idioma guarani

O consulado repatriou as três mulheres e pediu a intervenção da PF. Para a operação Sísifo, o governo paraguaio fretou um ônibus com agentes de segurança para escoltar as mulheres.

As mulheres resgatadas nos bordéis foram levadas à sede da PF, em Florianópolis, para depoimentos. Muitas delas eram de pequenos vilarejos onde só se fala o idioma guarani. Os diplomatas fizeram a tradução.

Elas disseram que foram aliciadas com a promessa de emprego como domésticas, mas acabaram forçadas à prostituição. Os aliciadores as recolhiam em carros particulares do lado brasileiro da ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu (637 km de Curitiba).

A polícia constatou que eles recebiam dos bordéis cerca de R$ 800 por mulher. Elas passavam então a dever essa quantia para os cafetões, sem nunca conseguir pagá-la. Viviam vigiadas por seguranças dos bordéis, sem poder sair.

O cônsul Atílio Recalde acompanhou o trabalho da PF. Ele levou as mulheres de volta ao país no ônibus fretado por seu governo. Elas chegaram ao Paraguai às 22h desta quinta-feira (4). O delegado da PF Ademar Stocker disse que "elas viajaram para o Brasil acreditando que teriam emprego, mas acabaram escravizadas".