Perícia não encontra pólvora nas mãos de idosa que assumiu ter matado assaltante em Caxias do Sul

O laudo da perícia realizado nas mãos da idosa que confessou ter matado um assaltante, no mês de julho, na serra gaúcha, não apontou qualquer resíduo de pólvora. Tecnicamente, isso contraria a versão de Odete Prá, 87, que afirmou à polícia ter reagido ao assalto a seu apartamento, no centro de Caxias do Sul (a 134 km de Porto Alegre), ferindo fatalmente Márcio Nadal Machado, 33.

Na tarde do dia 9 de julho, Odete acordou quando Machado entrou em seu apartamento pela janela. Assustada, ela pegou um revólver, herança da família, e atirou contra o suspeito quando ele tentava fugir do local.

Entretanto, o exame residuográfico, que apura os restos de pólvora deixados nas mãos de um suspeito, não encontrou a substância em Odete. Conforme o titular da 2ª delegacia de polícia da cidade, delegado Joigler Paduano, o teste pode apresentar erros. Entretanto, seu resultado não isenta a idosa Odete da autoria do crime.

"Isso não quer dizer que não seja ela a autora. Esse exame não é 100% seguro. Temos vários casos na delegacia em que a pessoa é autora do crime, mas o exame deu negativo. Em razão da confissão da idosa, ela continua sendo investigada como autora, até que se prove o contrário", revelou o delegado, que aguarda o resultado de outros dois para o fim deste mês.

O crime

Na tarde do dia 9 de julho, Machado invadiu pelo telhado o prédio em que Odete mora, até chegar ao fosso de luz. Em seguida, ele entrou no apartamento da idosa pela janela da sala e perambulou pelo imóvel, até se deparar com a mulher dormindo em um quarto. Assustada, ela acordou. "Ele só pedia para eu ficar calma. Não entendi o que estava acontecendo", afirmou a vítima em seu primeiro depoimento à polícia.

O invasor, então, andou pelo apartamento, mas foi seguido pela mulher, que pegou em um armário um revólver calibre 38. Quando deixava o imóvel, Machado foi surpreendido pela idosa, que lhe acertou três tiros, um no peito, e os outros dois em uma perna.

Com o homem ferido no corredor do prédio, a idosa voltou para o apartamento e ligou para familiares. Uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tentou, sem sucesso, socorrer o invasor, que portava uma faca. Conforme a polícia, Machado era conhecido por assaltos na região.

Aparentando tranquilidade, a idosa prestou depoimento e foi liberada. Ela responderá ao inquérito em liberdade, mas pode ser indiciada por homicídio doloso.