Ex-delegado diz que Bola 'mata sorrindo'; julgamento entra no terceiro dia em Contagem (MG)
O ex-delegado Edson Moreira, que chefiou as investigações sobre o caso Eliza Samudio, disse que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, “mata sorrindo”, referindo-se ao acusado de ser o executor da ex-amante desaparecida do goleiro Bruno Souza.
A declaração foi dada no final da noite desta terça-feira (6), após Moreira ter deixado o Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), onde Bola está sendo julgado pela morte do ex-carcereiro Rogério Martins Novelo, ocorrida em 2000 no município mineiro. O julgamento entrou no terceiro dia nesta quarta-feira (7). O ex-delegado Moreira foi arrolado como testemunha da defesa de Bola.
“Aquilo (Bola) mata rindo, vai ao velório e ainda chora”, dissse o ex-delegado. “Eu não tenho nada contra ele. Mas a coisa dele é pessoal comigo, inclusive dos advogados dele. Ele quer desacreditar toda a investigação que culminou com a prisão e a denúncia de diversos crimes contra ele”, disse.
Durante o interrogatório a que foi submetido, Marcos Aparecido dos Santos atribuiu a Moreira todas as acusações que recaem sobre ele. “Fizeram de mim um monstro”, disse Santos, aludindo à exposição midiática do caso Eliza Samudio. Por esse processo, o ex-policial e o goleiro Bruno Souza, além de mais três réus, vão a julgamento marcado para o próximo dia 19.
“É a primeira vez que sento na frente de um júri, estou apavorado. Eu jamais respondi a processo algum. Isso é coisa pessoal, do meu desafeto, o doutor (ex-delegado) Edson Moreira”, disse Bola.
“O meu problema foi pessoal com o Edson Moreira. Ele disse que todo cachorro morto que viesse rolando ladeira abaixo (crimes de homicídios de autoria desconhecida) seriam jogados nas minhas costas”, disse Santos.
Bola explicou que a rixa entre os dois começou ainda na academia de Polícia Civil, em Minas Gerais, em 1990. “Ele era o coordenador da minha turma. Dava aulas de práticas policiais”, disse Bola, afirmando que a animosidade entre os dois se iniciou porque ele teria desmentido afirmação de Moreira para alunos da academia.
‘Nem carne de vaca’
Segundo Santos, o ex-delegado supostamente ostentava que havia trabalhado na Rota (Rondas Ostensivas Tobias Barreto), em São Paulo, no final da década de 80. Bola afirmou que Moreira tinha, na verdade, trabalhado na cavalaria paulistana, revelação que teria “ferido o orgulho de Moreira.
Ele ainda acusou o ex-delegado de ter pedido a ele para torturar um acusado de homicídio, quando já era policial civil, fato que ele disse não ter concordado. Edson Moreira negou as acusações feitas por Bola contra ele. “Ele pode mentir. Tem o direito de mentir, aliás, ele só tem mentido.” Por seu turno, durante o seu depoimento, Bola ainda entregou um bilhete à juíza, lido por ela durante a sessão, no qual ele afirma “estar desesperado”. “Sempre fui e sempre serei uma pessoa do bem. Jamais tirei a vida de ninguém”, leu a magistrada.
O réu ainda afirmou na tarde de hoje para a juíza Marixa Rodrigues ser “uma pessoa doente”, alegando sofrer de problemas cardíacos e pressão alta.
Ele chegou a chorar ao relembrar dos cachorros que criava em sua casa, em Vespasiano (região metropolitana de Belo Horizonte). O imóvel é apontado como local onde Eliza teria sido morta e parte de seu corpo teriam sido atiradas aos cachorros do réu, na sua maioria da raça rottweiler. “Meus cachorros não comiam nem carne de vaca”, disse Bola.
Júri popular
O julgamento de Bola entrou no terceiro dia com a expectativa de que saia uma decisão nesta quarta-feira (7). Às 9h45, o promotor de Justiça Henry Wagner de Castro começou a sua sustentação oral ao corpo de jurados, formado por cinco homens e duas mulheres.
Após a sua explanação, será a vez dos advogados de defesa de Bola iniciarem os debates. Nesta terça-feira, além de Edson Moreira, foram ouvidas duas testemunhas. No início do julgamento, na última segunda-feira (5), três testemunhas deram depoimento no salão do júri. Ao todo, foram 4 arroladas pela defesa e duas pela acusação.
O MP sustenta que Bola fora contratado para matar o homem, mas o órgão e a Polícia Civil mineira não souberam determinar a motivação do assassinato. A defesa já havia pedido a nulidade do processo em razão de a testemunha-chave ser irmã da vítima. Além de o reconhecimento de Bola feito por ela ter ocorrido mais de dez anos depois do crime.
Adiada do dia 24 do mês passado para a segunda-feira (5), a audiência do júri popular de Bola havia sido alvo de tentativa de novo adiamento pelos advogados de defesa. Eles alegaram que ao menos mil páginas foram juntadas ao processo, no final de outubro, sem que os advogados tivessem tempo hábil, estabelecido pela lei, para analisá-las. No entanto, a juíza novamente indeferiu o pedido.
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