Topo

"A juíza é soberana, não adianta brigar com ela", diz advogado remanescente do ex-goleiro Bruno

Rayder Bragon e Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Contagem (MG)

20/11/2012 19h52

O advogado Francisco Simim, defensor do ex-goleiro Bruno Fernandes, criticou a maneira "agressiva" com que outros advogados se portaram no primeiro dia de julgamento do atleta e mais quatro réus, acusados do sumiço de Eliza Samudio, ex-amante de Bruno.

Segundo Simim, as táticas até fazem parte das estratégias das defesas dos réus, mas que via a juíza como “soberana”. “A juíza é soberana. Não adianta brigar com ela. Tem que ir para o Tribunal [de Justiça de Minas Gerais – TJ-MG] se não concordar com ela”, afirmou.

Simim deu mostras de que vai tentar iniciar uma relação mais cortês com a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A magistrada conduz o julgamento do ex-atleta e mais dois réus --inicialmente, eram cinco réus.

Ele é o defensor remanescente do ex-atleta e defenderá, ao lado de Tiago Lenoir Moreira, novo advogado constituído pelo ex-goleiro na manhã desta terça-feira (20), o ex-goleiro.

Rui Pimenta foi destituído hoje por Bruno, que alegou ter tido “insegurança” na condução de sua defesa por Pimenta.

Os advogados que mais criticaram o trabalho da juíza foram Fernando Magalhães, Ércio Quaresma e Zanone júnior, trio que defende o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino de Eliza Samudio.

Eles abandonaram o plenário nesta segunda-feira (19), primeiro dia do júri popular dos réus, alegando cerceamento de defesa.

A defesa afirmou que vai entrar com reclamação contra a juíza no Conselho Nacional de Justiça (Conselho Nacional de Justiça), além de recorrerem ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) para tentarem se manter na defesa do réu. Assim, a juíza desmembrou o julgamento de Bola, que será feito em uma data ainda não revelada.

“Eu sempre fui mais ponderado. O clima ontem, depois do que ocorreu, já ficou mais ameno”, resumiu Francisco Simim, refereindo-se à saída dos colegas do plenário do salão do júri.

Ele ainda rebateu crítica feita pelo assistente de acusação José Arteiro Cavalcante, que afirmou ser o oponente pouco experiente em júris populares.

“Vamos ver o resultado, ele vai falar isso. Dessa envergadura é o primeiro, mas já fiz centenas de júris”, declarou.

Negativa do homicídio 

Simim afirmou que vai continuar na linha de defesa traçada por Rui Pimenta, que recuou e afirmou não ter havido o assassinato de Eliza Samudio.

“Quem acusa tem que fazer prova. O Ministério Público não está conseguindo provar absolutamente nada”, afirmou.

Ele afirmou que a população brasileira acredita na inocência do ex-goleiro e “pede” um corpo à Polícia Civil mineira e ao Ministério Público.

“Eles querem um corpo da pessoa que está desaparecida”, aludindo a uma das lacunas do caso.