Sexto réu acusado pela morte de Celso Daniel será julgado hoje
O Tribunal do Júri do Fórum de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo) vai julgar, nesta quinta-feira (22), o sexto réu acusado de participação no sequestro e morte do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.
Itamar Messias Silva dos Santos responde processo por homicídio duplamente qualificado: por motivo torpe, mediante promessa de recompensa, e pela utilização de recurso que tornou difícil a defesa da vítima.
O julgamento estava marcado para começar às 9h30. Porém, o advogado de defesa, Airton Jacob Gonçalves Filho, chegou ao fórum por volta das 10h50. O júri teve início às 11h10.
O júri será presidido pelo juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov e terá como promotor Marcio Augusto Friggi de Carvalho.
O julgamento de Santos já foi adiado duas vezes, a primeira em maio deste ano, quando seu advogado abandonou o plenário alegando pouco tempo de apresentação da defesa –ele teria 30 minutos devido à presença de mais três réus em plenário– e em agosto, também a pedido da defesa.
QUEM FOI CELSO DANIEL
Celso Daniel nasceu em 16 de abril de 1951 em Santo André. Foi professor de economia e ciências sociais da FGV e PUC e participou da fundação do PT. Foi eleito prefeito de Santo André em 1989, 1997 e 2000, um ano antes de sua morte.
Em 1994, elegeu-se deputado federal com 97 mil votos. Pouco antes de morrer, havia sido escolhido para coordenar a campanha Lula à Presidência. Era cotado para ser um dos ministros do primeiro escalão do governo de Lula.
Outros cinco acusados pelo mesmo crime já foram julgados e condenados. O último foi Elcyd Oliveira Brito, o ‘John’, condenado a 22 anos de prisão em agosto.
Em maio, Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como “Monstro”, José Edison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o “Bozinho”, foram condenados, respectivamente, a 24, 20 e 18 anos de prisão.
Em novembro de 2010, Marcos Bispo dos Santos, o “Marquinhos”, foi o primeiro réu a ser condenado, com sentença de 18 anos. Todas as condenações foram por homicídio duplamente qualificado.
Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, também réu no processo, continua em liberdade beneficiado por habeas corpus. Na tese da promotoria, ele é o mandante do crime.
Gomes entrou com recurso no Tribunal de Justiça para não ser acusado de participação no crime, mas, sem êxito, teve a sentença de pronúncia confirmada pelos desembargadores.
O processo já retornou para a Vara do Júri de Itapecerica e pode ser julgado ainda este ano, segundo o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
Entenda o caso
Celso Daniel foi encontrado morto em 20 de janeiro de 2002, em uma estrada de terra de Juquitiba, após receber 11 tiros. A morte ocorreu dois dias depois de ter sido sequestrado no trajeto entre uma churrascaria na capital e Santo André.
No momento do sequestro, o ex-prefeito estava dentro de seu carro, que era blindado, acompanhado de Sombra, seu amigo e segurança, que dirigia o veículo. Os sequestradores fecharam o carro de Daniel com outros três veículos e levaram apenas o ex-prefeito, deixando Sombra no local. Antes de matar o ex-prefeito, os sequestradores o mantiveram em cativeiro na favela Pantanal, na divisa entre São Paulo e Diadema.
O caso já foi reaberto duas vezes, investigado pelo Ministério Público, pela Polícia Civil e até pela CPI dos Bingos, em Brasília. Investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) concluiu que seis pessoas participaram do crime, entre elas um menor. Para a polícia, os acusados sequestraram Daniel por engano, já que estavam planejando o crime contra outra pessoa.
O Ministério Público contraria a versão policial e sustenta que a morte foi encomendada por uma quadrilha que atuava na Prefeitura de Santo André extorquindo empresários com objetivo de arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais do PT. Para o MP, a investigação policial foi incompleta e não apurou quem foram os mandantes do crime, que para a promotoria foi Sombra, um dos líderes do esquema.
Segundo o MP, Daniel foi morto ao perceber que o dinheiro desviado pela quadrilha também estava sendo utilizado para o enriquecimento dos integrantes, e não só para fins partidários, e decidir impor limites à atuação da quadrilha.
Pelo menos sete pessoas, entre testemunhas e outros envolvidos no crime, morreram após a morte do ex-prefeito --todas vítimas de homicídio.
OS ENVOLVIDOS NO ESQUEMA DE SANTO ANDRÉ SEGUNDO O MP
Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra” Empresário e amigo de Celso Daniel; é acusado pelo MP de ser o mandante da morte do ex-prefeito e de ser um dos líderes do esquema de corrupção em Santo André | |
Klinger Luiz de Oliveira Secretário de Serviços Públicos da gestão Celso Daniel; apontado pelo MP como líder do esquema de corrupção no município | |
Ronan Maria Pinto Empresário do ramo de comunicações e transporte; apontado pelo MP como outro líder do esquema de corrupção no município | |
Gilberto Carvalho Foi secretário do governo da gestão Celso Daniel e amigo do ex-prefeito, hoje é secretário-geral da presidência da República; segundo o MP, participou do esquema de corrupção | |
José Dirceu Era presidente nacional do PT na época da morte de Celso Daniel; os irmãos de Celso Daniel dizem que Gilberto Carvalho lhes confidenciou que Dirceu recebeu dinheiro do esquema de corrupção em Santo André |
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