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Dois dias após apagão que atingiu 12 Estados, motivo ainda é mistério

Bairro de Recife (PE), durante apagão no final do mês de outubro de 2012 - Alexandre Gondim/Estadão Conteúdo
Bairro de Recife (PE), durante apagão no final do mês de outubro de 2012 Imagem: Alexandre Gondim/Estadão Conteúdo

Fábio Luís de Paula

Do UOL, em São Paulo

17/12/2012 18h04Atualizada em 17/12/2012 18h06

O motivo do blecaute que deixou 12 Estados brasileiros às escuras no último sábado (15) continua sendo um mistério. Dois dias após o problema, os órgãos responsáveis explicam como foi que o apagão aconteceu, mas afirmam que as causas "ainda estão sendo investigadas".

De acordo com nota emitida pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o órgão coordena nesta segunda-feira (17) uma reunião para "analisar e identificar a origem e as causas da perturbação".

A reportagem do UOL entrou em contato com a assessoria da ONS, que informou que o resultado da análise feita na reunião - que envolve técnicos e representantes de empresas que tiveram algum envolvimento no blecaute - não deve sair hoje.

No MME (Ministério de Minas e Energia), o secretário de energia, Ildo Grüdtner, se dispôs a falar com a imprensa no final da tarde de hoje, mas também não teria nenhuma pista sobre o estopim do apagão.

O diretor-geral da ONS, Hermes Chipp, especulou hoje que o desligamento do sistema pode ter sido causado por uma descarga atmosférica. Segundo ele, os primeiros estudos sobre o incidente mostraram que havia ocorrência de raios nas proximidades da subestação de Itumbiara, em Goiás, onde ocorreu o desligamento. "A causa e a consequência nós já sabemos. Falta sabermos a origem", disse Chipp após reunião com técnicos do operador, da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e de Furnas, dona das instalações em Itumbiara, entre outros.

A Folha de S. Paulo também apurou que um raio pode ter provocado o problema.

13,4% dos consumidores afetados

Ainda segundo nota da ONS, 13,4% dos consumidores do país foram afetados em 12 Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo (Sudeste), Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná (Sul), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás (Centro-Oeste), Acre e Rondônia (Norte). Antes, o MME havia informado que oito Estados tinham sido afetados.

O Estado mais prejudicado foi o Mato Grosso, com 66,6% dos consumidores sem energia, seguido do Paraná (33,5%) e Goiás (25,7%). Chipp estimou hoje que pelo menos 2,7 milhões de pessoas ficaram sem energia no Rio e em São Paulo.

"O sistema elétrico não sofre problemas de investimentos, mas subestações precisam ser modernizadas. Estimamos que todas as térmicas terão que continuar operando em plena capacidade pelo menos até janeiro", disse.

Como aconteceu

O problema foi um desligamento de unidades geradoras na usina hidrelétrica de Itumbiara, no Rio Parnaíba, em Goiás, na divisa com Minas Gerais. A usina é propriedade da Eletrobras Furnas.

Então, a ligação dos sistemas Norte/Nordeste/Centro-Oeste e Sul/Sudeste ficou fragilizada e resultou na instablidade.

A ONS diz que a recomposição do sistema começou logo em seguida e que, cerca de 30 minutos depois, toda a carga da região Sul havia voltado e 50% das cargas do sistema Sudeste/Centro-Oeste também. Uma hora depois da instabilidade 90% das cargas do sistema Sudeste/centro-Oeste havia retornado ao normal.

Apagão de outubro

Um apagão afetou na noite do dia 25 de outubro de 2012 diversas cidades brasileiras. A região Nordeste foi a mais afetada, com todos os Estados às escuras. As regiões Norte e Sudeste também foram atingidas. Relatório divulgado pelo governo federal confirmou que a causa desse apagão foi falha humana. Dias antes do blecaute, um equipamento da subestação de Colinas, no Tocantins, passou por manutenção e o sistema de proteção, desligado para a execução do serviço, não foi reativado.