Topo

Mãe e irmã de fisiculturista morta em Natal dizem que relacionamento de casal estava conturbado

A fisiculturista paulistana Fabiana Caggiano Paes, 36, morta no dia 2 de janeiro em Natal (RN), onde passava as férias de final de ano com o marido - Reprodução/Facebook
A fisiculturista paulistana Fabiana Caggiano Paes, 36, morta no dia 2 de janeiro em Natal (RN), onde passava as férias de final de ano com o marido Imagem: Reprodução/Facebook

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

10/01/2013 16h48

A mãe e a irmã da fisiculturista que morreu em Natal no último dia 2 prestaram depoimento à Polícia Civil de São Paulo, nessa terça-feira (8). Os depoimentos ocorreram na 1ª Delegacia de Polícia de Osasco, onde a mãe, Itália Caggiano, e a irmã, Amanda Carolina Caggiano, 28, afirmaram que vinham recebendo desabafos de Fabiana Caggiano Paes, 36, que o relacionamento dela com o marido Alexandre Furtado Paes, 35, não estava bem.

Fabiana deu entrada desmaiada num hospital da rede particular de Natal, no último dia 28 de dezembro, e cinco dias depois morreu. Ela estava na capital potiguar com o marido para passar o Réveillon quando, segundo o marido, foi encontrada desfalecida dentro do box do banheiro do quarto do Arituba Park Hotel, onde o casal estava hospedado.

Os depoimentos ocorreram a pedido da polícia do Rio Grande do Norte e foram colhidos pelo delegado João O. Gonzalez. Segundo um investigador de polícia da 1ª DP que pediu para não ser identificado, a família de Fabiana levou fotos, documentos do casal e um telefone celular que contém supostas mensagens que a atleta mandou relatando que estava passando por problemas no casamento.

Polícia libera vídeo de hotel com as últimas imagens da atleta morta

Segundo a transcrição da polícia, Fabiana relatou que “a gente pensa que encontrou o verdadeiro o amor, só que com o tempo essa pessoa para de ter o cuidado que ela tinha com você. Não tem mais paciência e até uma coisa simples como dar um beijo já não existe mais como fazia no passado. A parceria já não existe mais, pois se torna uma pessoa grossa, antissocial, impaciente e chega a ponto de dormir no Natal. Te deixa sozinha nas festas alegando não ter ninguém para conversar.”

Segundo a polícia, a irmã de Carolina afirmou que a irmã vinha contando à família que o casamento não estava bem e constantemente vinha sofrendo humilhações do marido sobre sua profissão como atleta de fisiculturismo.

Apesar de mãe e irmã já terem prestado depoimento à polícia paulista, o delegado designado especial para investigar o caso, Frank Albuquerque, do Rio Grande do Norte, informou que pretende ir, nos próximos dias, a São Paulo para acompanhar os depoimentos de turistas que estavam hospedados no hotel Arituba Park, em Natal, e moram no Estado.

“Estamos esperando a localização das testemunhas para marcar o dia do depoimento para viajar a do São Paulo”, afirmou o delegado. Até agora a polícia já colheu depoimento de seis testemunhas e todas elas desmentiram que Fabiana aparentava ter saído do banho quando passou mal e desmaiou.

“Todas as testemunhas afirmaram, ao contrário do marido da atleta, que ela não estava molhada. Não havia uma gota de água nem na área do box do banheiro, nem também o corpo e os cabelos dela estavam molhados. Como é que ela estava tomando banho e não tinha um pingo de água no local, nem o corpo e nem os cabelos dela estavam molhados?”, indagou Albuquerque.

Testemunha diz ter ouvido sons de briga

Segundo o delegado, a polícia aguarda a conclusão do laudo pericial do Itep (Instituto Técnico Científico de Polícia) sobre a causa da morte de Fabiana, e, “comprovando que ela morreu de asfixia mecânica, ele vai ser indiciado por homicídio.” De acordo com a polícia, havia no corpo de Fabiana marcas no pescoço, traquéia e pulmões com características de asfixia mecânica proposital.

Após tomar conhecimento que Alexandre Paes pretendia cremar o corpo de Fabiana, em João Pessoa, a polícia foi acionada, pois os peritos do Itep observaram preliminarmente que os órgãos, como o pulmão, a traquéia e o pescoço da atleta estavam com sinais de esganadura.

Segundo o Itep, os pulmões e o fígado de Fabiana foram retirados durante a necropsia para serem realizados exames complementares. Segundo o médico legista Manoel Marques, estão sendo feitas análises bioquímicas no fígado da atleta e nos pulmões exames patológicos para apontar a causa da presença de sangue no órgão

Versão do marido

Em depoimento à polícia, o marido de Fabiana, Alexandre Furtado Paes, afirmou que encontrou a mulher caída dentro do box do banheiro e atribuiu o desmaio com causa natural. Fabiana ficou internada em coma na UTI (Unidade de terapia Intensiva) no Hospital da Unimed em Natal por cinco dias, do dia 28 de dezembro ao dia 2 de janeiro, quando veio a falecer.

Um funcionário do hotel relatou a polícia que antes de ser acionado o socorro após Fabiana passar mal, hóspedes relataram terem escutado barulhos semelhantes a de uma briga de casal, em seguida gritos com a frase “Acorda, Fabiana. Acorda!” e depois de 20 minutos escutaram o barulho de um vidro quebrando, que seria similar ao box do banheiro sendo quebrado.

Desde o dia 2 de janeiro que o UOL tenta contato com Alexandre Paes, mas não obteve sucesso até a publicação deste texto.