Após mortes e interdição, exames de ressonância magnética são liberados em Campinas
Com exceção do Hospital Vera Cruz, onde três pessoas morreram após realizarem ressonância magnética, os outros hospitais e clínicas de Campinas (93 km de São Paulo) já estão liberados para realizarem ressonância e tomografia a partir desta quarta-feira (30), desde que não utilizem nenhum dos sete produtos que foram interditados de forma cautelar na noite de terça-feira (29) pela Secretaria Estadual da Saúde. Também nessa terça, a Secretaria de Saúde do município havia determinado a suspensão dos dois tipos de exame em toda a cidade, com exceção dos casos emergenciais.
Interditado
Equipamento de ressonância magnética utilizado no Hospital Vera Cruz, em Campinas
Nesta quarta, uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ligada ao Ministério da Saúde, iniciou o acompanhamento da investigação da causa da morte dos três pacientes. Cinco técnicos especializados em epidemiologia se reúnem com a Vigilância em Saúde da cidade para trocar informações do que já foi coletado e analisado. Eles também farão uma vistoria nas instalações e estoque do hospital.
Segundo a Anvisa, é possível que a interdição dos lotes dos medicamentos usados nos pacientes se estenda para todo o país. "Provavelmente, esses lotes dos produtos serão recolhidos pelos fabricantes para serem analisados e servirem como prova no futuro", explicou o secretário municipal de Saúde, Carmino Souza. A possibilidade de defeitos no aparelho está praticamente descartada. Os profissionais que atenderam os pacientes também estão sendo ouvidos.
Entre as suspeitas das causas das mortes estão o contraste, composto químico aplicado nos pacientes antes do exame, e o soro fisiológico, aplicado neles após o procedimento. As investigações são conduzidas pelo Departamento de Vigilância Sanitária de Campinas (Devisa), mas na tarde de terça-feira técnicos da Vigilância Sanitária Estadual também passaram a acompanhar os procedimentos a pedido do município.
A Anvisa reforçou que a investigação seguirá sob os cuidados do município e que os técnicos do órgão farão apenas o acompanhamento da apuração para que sejam definidas as diretrizes em âmbito nacional. A possibilidade de ampliar a interdição do lote dos medicamentos a todo o país será avaliada após a visita dos técnicos.
Outro lado
A assessoria da Eurofarma Laboratórios informou que só se pronunciará sobre o assunto após ser notificada da interdição. A Bayer, em nota, disse que ainda não foi notificada oficialmente e que "está disposta a colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, caso seja solicitada a prestar quaisquer esclarecimentos".
A Samtec informou que não foi notificada oficialmente, mas que também está à disposição para prestar possíveis esclarecimentos. As assessorias dos outros laboratórios não foram encontradas para comentar o assunto.
O caso
Três pessoas, com idades entre 25 e 39 anos, morreram na última segunda-feira (28), após a realização de exames de ressonância magnética no hospital particular Vera Cruz. Após os óbitos, o setor foi imediatamente interditado por tempo indeterminado pela Vigilância de Saúde do município.
A primeira a passar mal foi Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que fez o exame e foi liberada. Em casa, ela passou mal e teve de voltar para o pronto-socorro do hospital, onde morreu. As outras vítimas, Manuel Pereira de Souza, de 39 anos, e Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos, morreram logo após a realização da ressonância. Todos realizaram o exame na cabeça e fizeram uso do contraste. Eles tiveram parada cardiorrespiratória.
Em entrevista coletiva na manhã desta terça (29), o hospital informou que as causas das mortes ainda são desconhecidas. A entidade de saúde aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML). Outros 83 pacientes realizaram ressonâncias no mesmo dia. Eles foram contatados pelo hospital e informaram que estão bem.
"O que mais intriga é que os exames não constataram nenhum tipo de problema em nenhum dos três pacientes. Não sabemos o que realmente provocou as mortes", disse Gustavo Sergio Carvalho, diretor administrativo do hospital. O caso também está sendo investigado pelo 1° Distrito Policial da cidade.
De acordo com a direção do hospital, a empresa responsável pelos exames é terceirizada e atua no local há 20 anos. Cerca de 1.800 ressonâncias são realizadas por mês, e nenhuma ocorrência deste tipo foi registrada na unidade até hoje. O hospital também informou que está colaborando com os órgãos competentes e que está dando toda assistência aos familiares.
Por recomendação da vigilância, os corpos passaram por autópsia para que as causas das mortes sejam conhecidas. O Instituto Médico Legal (IML) não deu prazo para divulgar os resultados dos exames, que serão divulgados no menor tempo possível.
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