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Internado, sócio da boate Kiss deve se apresentar à delegacia de Cruz Alta (RS) antes de ser preso

O empresário Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, continua internado no Hospital Santa Lúcia, em Cruz Alta (RS), e é visto na janela nesta segunda-feira - Renan Antunes de Oliveira/UOL
O empresário Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, continua internado no Hospital Santa Lúcia, em Cruz Alta (RS), e é visto na janela nesta segunda-feira Imagem: Renan Antunes de Oliveira/UOL

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Cruz Alta (RS)

04/02/2013 21h19Atualizada em 04/02/2013 21h40

A investigação policial para apurar responsabilidades no incêndio da boate Kiss está toda voltada para o esperado depoimento de um dos sócios, o empresário Elissandro Spohr, conhecido como Kiko. Ele, no entanto, está longe da polêmica: permanece, desde a última segunda-feira (28), internado no Hospital Santa Lúcia, na companhia da mulher, Nathália Daronchi.

Kiko está sob custódia policial no hospital, sendo tratado de uma intoxicação por fumaça após a tragédia que matou 237 pessoas na casa noturna --a prisão temporária por 30 dias já está decretada pela Justiça desde a última sexta-feira (1º). "Quando sair, [Kiko] terá que ser apresentado na minha delegacia", disse a delegada de Cruz Alta, Lilian Carús.

Na última terça-feira (29), segundo a polícia, houve indícios de que ele tentaria se enforcar usando a mangueira do chuveiro de seu quarto durante uma crise nervosa.

Segundo apurou a reportagem do UOL com um funcionário do hospital, a diária de internação do quarto de Kiko custa R$ 800 ao dia. Dois PMs estão numa sala adjacente, com acesso ao quarto, outros dois agentes ficam do lado de fora. Segundo o sargento João Alexandre, "nossa presença é para garantir a privacidade do paciente".

Ainda de acordo com a PM, ele não usa algemas e tem uma relação cordial com sua guarda.

A mulher dele, Nathalia, que está grávida e igualmente sofreu intoxicação por fumaça no incêndio, também estava internada no hospital, ela teve alta neste domingo (3), saindo pelo portão dos fundos, fugindo de jornalistas.

Rotina

A direção do hospital estabeleceu uma rígida rotina por causa da presença dele na instituição. Os funcionários foram advertidos para não dar nenhuma informação --e os poucos jornalistas que o esperam não podem entrar nem no saguão do prédio.

Mesmo com tanta vigilância para proteger sua privacidade, foi o proprio Kiko quem tomou a inciativa de quebrar o silêncio. Numa entrevista gravada por celular pelo advogado dele, Jader Marques, depois exibida no Fantástico, Spohr respondeu ponto por ponto as principais perguntas que a polícia deve fazer quando conseguir seu depoimento. Em todas, defendeu-se.

Sobre a lotação da casa ele disse que "realmente acredito que tinha perto de 600 a 700 pessoas" - o máximo permitido seria 691, ele ficou dentro do limite.

Sobre o alvará de funcionamento, item pelo qual prefeitura e bombeiros já trocaram acusações, ele disse que quando entrou na sociedade "a casa já estava em funcionamento, eu só renovava".

Sobe a colocação de espuma do revestimento (que os peritos acreditam ter sido a causadora da fumaça tóxica), ele disse que foi uma exigência dos vizinhos, porque o som alto os prejudicava --neste caso, ele indicou o engenheiro Miguel Angelo Pedroso como responsável pela colocação. Na mesma reportagem do Fantástico, Pedroso negou a acusação.

Na última quarta-feira (30), um pai de uma vítima da tragédia, não identificado pela polícia, tentou invadir o hospital para atacar Kiko, segundo relatos de funcionários do hospital e pacientes. O pai, um senhor idoso e de óculos, saiu gritando ofensas ao empresário. Desde então, ele está sendo defendido por seguranças particulares.

Sem acesso ao quarto vigiado pela PM, eles estabeceram um perímetro de vigilância no terceiro andar. "Estes caras infernizam a vida dos demais pacientes, eles impedem todos que querem passar pelo andar dele", disse Nadir Silva, internada no quarto andar do hospital.

Nesta segunda (4), Kiko e os policiais de sua escolta passaram a tarde de olho nas janelas do quarto de hospital.

Segundo a delegada Lilian Carús, que o visitou pela manhã, depois da visita à delegacia, ele será levado para um dos três presídios próximos: o de Cruz Alta, o de Santa Maria ou o de Ijuí.