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Especialistas aprovam nova metodologia de cálculo de mortes em estradas, mas ainda veem índice alto

Número de mortos por milhão de veículos no Carnaval, segundo a Polícia Rodoviária Federal - Divulgação
Número de mortos por milhão de veículos no Carnaval, segundo a Polícia Rodoviária Federal Imagem: Divulgação

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

14/02/2013 19h24Atualizada em 15/02/2013 11h04

Apesar da redução, o índice de mortes nas estradas federais ainda é bastante alto no país, segundo especialistas em trânsito ouvidos pelo UOL. Dados divulgados pelo Ministério da Justiça nesta quinta-feira (14) apontam que o índice de mortes durante o feriado prolongado de Carnaval, considerando o tamanho da frota de veículos, foi o menor em dez anos.

Mortes em estradas federais

AnoNúmero de mortes em estradas federaisNúmero de mortos por milhão de veículo
20131572,1
20121922,7
20112163,3
20101432,4
20091272,3
20081282,6
20071453,2
20061233,1
20051483,8
20041474,0
  • Fonte: Polícia Rodoviária Federal

Foi a primeira vez que a Polícia Rodoviária Federal divulgou as informações fazendo essa comparação relativa. Por esse parâmetro, o Carnaval de 2013 teve 2,1 mortes por milhão de veículos, é o menor desde 2004, quando o índice foi de 4 mortes por milhão de veículos.

A nova forma de divulgação dos números, levando em conta a frota, foi considerada mais adequada que a usada anteriormente por dois analistas entrevistados pelo UOL.

No entanto, Ailton Brasiliense Pires, presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e o engenheiro João Cucci Neto, professor de engenharia de tráfego urbano da Universidade Presbiteriana Mackenzie, observam que internacionalmente o mais comum é fazer a conta por 100 mil veículos ou por 10 mil habitantes. O governo federal, porém, divulgou por milhão de veículos.

“Não é errado, só foge do padrão internacional. De qualquer maneira, é um avanço fazer a divulgação desta maneira", diz Cucci. "Com essa divisão por milhão, chega-se a um número menor [do que os dados absolutos] e o impacto parece ser mais favorável”, ressalva.

Em números absolutos, foram registrados 3.149 acidentes, com 157 mortes e 1.793 feridos em seis dias de operação, da 0h de sexta (8) até as 24h de quarta (13).

“Os números do país ainda ficam muito acima das nações desenvolvidas, como Suécia, Alemanha, Canadá e Japão. As mortes nas estradas brasileiras não têm nenhuma justificativa”, afirma Ailton Brasiliense Pires, da ANTP.

João Cucci Neto, do Mackenzie, também é categórico em afirmar que esses números ainda são bastante altos. “Há diversos problemas nas estradas brasileiras, a começar pela má conservação, incluindo falta de manutenção das pistas, sinalização precária.”

Problemas com fiscalização precária e baixa conscientização da população são apontados como outros fatores que empurram os números de acidentes e mortes para cima. “As campanhas devem ser permanentes para realmente serem efetivas”, destaca Cucci.

Nas rodovias federais que estão sob concessão da iniciativa privada, a situação costuma ser um pouco melhor. "Geralmente, as vias estão mais bem conservadas, há bastante sinalização e o atendimento às vítimas de acidentes acontece com mais rapidez", afirma o professor do Mackenzie. 

Os especialistas citam a nova Lei Seca como um dos principais fatores que contribuíram para essa redução, mas ressaltam que a fiscalização deve ser cada vez mais intensificada.

“Não tem lei sem fiscalização. Tanto o governo federal quanto os estaduais devem se empenhar mais e investir mais para fazer valer a legislação”, avalia Pires.