Especialistas aprovam nova metodologia de cálculo de mortes em estradas, mas ainda veem índice alto
Apesar da redução, o índice de mortes nas estradas federais ainda é bastante alto no país, segundo especialistas em trânsito ouvidos pelo UOL. Dados divulgados pelo Ministério da Justiça nesta quinta-feira (14) apontam que o índice de mortes durante o feriado prolongado de Carnaval, considerando o tamanho da frota de veículos, foi o menor em dez anos.
Mortes em estradas federais
Ano | Número de mortes em estradas federais | Número de mortos por milhão de veículo |
2013 | 157 | 2,1 |
2012 | 192 | 2,7 |
2011 | 216 | 3,3 |
2010 | 143 | 2,4 |
2009 | 127 | 2,3 |
2008 | 128 | 2,6 |
2007 | 145 | 3,2 |
2006 | 123 | 3,1 |
2005 | 148 | 3,8 |
2004 | 147 | 4,0 |
- Fonte: Polícia Rodoviária Federal
Foi a primeira vez que a Polícia Rodoviária Federal divulgou as informações fazendo essa comparação relativa. Por esse parâmetro, o Carnaval de 2013 teve 2,1 mortes por milhão de veículos, é o menor desde 2004, quando o índice foi de 4 mortes por milhão de veículos.
A nova forma de divulgação dos números, levando em conta a frota, foi considerada mais adequada que a usada anteriormente por dois analistas entrevistados pelo UOL.
No entanto, Ailton Brasiliense Pires, presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e o engenheiro João Cucci Neto, professor de engenharia de tráfego urbano da Universidade Presbiteriana Mackenzie, observam que internacionalmente o mais comum é fazer a conta por 100 mil veículos ou por 10 mil habitantes. O governo federal, porém, divulgou por milhão de veículos.
“Não é errado, só foge do padrão internacional. De qualquer maneira, é um avanço fazer a divulgação desta maneira", diz Cucci. "Com essa divisão por milhão, chega-se a um número menor [do que os dados absolutos] e o impacto parece ser mais favorável”, ressalva.
Em números absolutos, foram registrados 3.149 acidentes, com 157 mortes e 1.793 feridos em seis dias de operação, da 0h de sexta (8) até as 24h de quarta (13).
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“Os números do país ainda ficam muito acima das nações desenvolvidas, como Suécia, Alemanha, Canadá e Japão. As mortes nas estradas brasileiras não têm nenhuma justificativa”, afirma Ailton Brasiliense Pires, da ANTP.
João Cucci Neto, do Mackenzie, também é categórico em afirmar que esses números ainda são bastante altos. “Há diversos problemas nas estradas brasileiras, a começar pela má conservação, incluindo falta de manutenção das pistas, sinalização precária.”
Problemas com fiscalização precária e baixa conscientização da população são apontados como outros fatores que empurram os números de acidentes e mortes para cima. “As campanhas devem ser permanentes para realmente serem efetivas”, destaca Cucci.
Nas rodovias federais que estão sob concessão da iniciativa privada, a situação costuma ser um pouco melhor. "Geralmente, as vias estão mais bem conservadas, há bastante sinalização e o atendimento às vítimas de acidentes acontece com mais rapidez", afirma o professor do Mackenzie.
Os especialistas citam a nova Lei Seca como um dos principais fatores que contribuíram para essa redução, mas ressaltam que a fiscalização deve ser cada vez mais intensificada.
“Não tem lei sem fiscalização. Tanto o governo federal quanto os estaduais devem se empenhar mais e investir mais para fazer valer a legislação”, avalia Pires.
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