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Engenheiro que rastreou ligações é 3ª testemunha a depor em júri de Mizael

Thiago Varella

Do UOL, em Guarulhos (SP)

11/03/2013 17h53

A terceira testemunha a ser ouvida no júri popular do policial reformado Mizael Bispo da Silva, nesta segunda (11), em Guarulhos (Grande SP), será o engenheiro Eduardo Amato Tolezani. Ele foi o responsável pelo rastreamento das ligações de Mizael, acusado de ter matado a advogada Mércia Nakashima, em maio de 2010, e participa do julgamento como testemunha de acusação.

Tolezani, que falará sobre o rastreamento de antenas de celular feitas na investigação do caso, pediu para não ter imagem ou áudio veiculados.

Além dele, já foram ouvidos o irmão de Mércia, Márcio Nakashima, e o biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, que confirmou em depoimento  que a alga encontrada no sapato de Mizael também pode ser encontrada na represa de Nazaré Paulista, onde o carro e o corpo da vítima foram localizados. O biólogo também pediu que sua imagem não fosse divulgada na transmissão do julgamento.

O crime

Mércia desapareceu no dia 23 de maio de 2010 e, 19 dias depois, foi encontrada morta dentro de uma represa na cidade de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.

No presídio militar Romão Gomes, onde estava preso à espera de julgamento, Mizael escreveu um livro, "Na Cova dos Leões", uma "ficção" baseada em sua história. Na publicação de 56 páginas, o ex-PM conta a história de "Márcia", uma pessoa que sentia muito ciúmes e tinha uma família preconceituosa.

O título do livro é uma alusão ao profeta Daniel, que, segundo a Bíblia, não foi morto por leões por acreditar em Deus.

O advogado do ex-PM, Samir Haddad Júnior, espera pode entregar o livro aos jurados. "Vou pedir ao juiz, ao promotor e ao assistente de acusação, pelo princípio de ampla defesa e do contraditório, que concordem com a entrega de um livro para cada jurado, até porque não consta o nome das pessoas envolvidas no processo. É uma ficção em cima de uma história verdadeira", disse.

O promotor Rodrigo Merli Antunes afirmou que o livro deveria ter sido apresentado à Justiça até a última quarta-feira (6) e que soube pela imprensa de sua publicação. Mesmo assim, ele só vai decidir sobre sua distribuição para os jurados na segunda-feira (11).

"De repente, este livro pode ter algumas coisas úteis para a acusação", disse.

Por ser advogado, Mizael decidiu que também fará sua autodefesa, podendo, até mesmo, interrogar alguma testemunha se assim quiser.

Como o julgamento será o primeiro no Brasil a ser transmitido ao vivo por emissoras de rádio, televisão e sites, o acusado pretende aproveitar para “mudar sua imagem”.

“Tinha medo de que a transmissão ao vivo pressionasse os jurados. Mas o Mizael pediu para ser transmitido ao vivo. Se os jurados podem ouvi-lo, o Brasil inteiro também pode”, disse Haddad Júnior, em entrevista para a Band.

O promotor também concordou com a transmissão, que, segundo ele, “aproximará o Judiciário da comunidade”.

“Mas garanto que, se a defesa acha que vou mudar meu estilo, que vou ser mais comedido porque está sendo filmado, está enganada. Nem vou me lembrar que existem câmeras no júri”, afirmou Antunes.