Suspeito de assassinar taxistas no Sul não tem perfil criminoso, diz polícia
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul informou nesta segunda-feira (15) que os motivos que levaram o jovem Luan Barcelos da Silva, 21 anos, a assassinar seis taxistas no final de março em Santana do Livramento e em Porto Alegre para poder roubá-los ainda são desconhecidos e causam estranheza.
Segundo policiais que estiveram frente a frente com Silva, nada justifica seu ingresso na vida marginal. Ele é um rapaz de classe média, que aluga com um amigo um apartamento em um bairro de mesmo padrão próximo à região central de Porto Alegre. Dentro do imóvel, roupas de marca, televisão de LCD e geladeira nova.
"O que chama a atenção é o fato de ele não ter um histórico criminal. Ele foge do estereótipo. Isso surpreende e desafia. Apesar de serem trabalhos esporádicos, ele era uma pessoa que estava no mercado de trabalho. Morava em um bairro de classe média, possuía perfil em redes sociais. Mas tentava se colocar em uma classe da qual não pertencia", disse o delegado Cristiano Reschke, diretor da divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, um dos responsáveis pela captura de Silva.
Em seu depoimento, o jovem afirmou que um dos motivos que o levaram a iniciar a série de assaltos foi o atraso de dez dias no aluguel do apartamento em que vive. Sobre as mortes - sem anunciar os assaltos, ele disparou nas nucas das vítimas para, em seguida, sacar dinheiro e celulares de seus bolsos -, relatou que atirava para evitar ser reconhecido.
Silva vivia desde pequeno sob os cuidados da avó em Santana do Livramento. Há cerca de dois anos, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou, entre outros ramos, como motoboy e corretor de imóveis. Para quem ficou na cidade natal, alardeava que tinha entrado para a universidade. Tudo mentira.
Jovem confessou morte de taxistas, diz polícia
Emprego
O que se sabe até agora é que, em Porto Alegre, havia ficado desempregado havia pouco tempo. Nesta segunda-feira, seria contratado como vendedor em um curso de informática, conforme revelou à polícia o próprio gerente da instituição. "Alegre, sempre com uma piadinha deixando o clima descontraído", disse sobre ele o responsável pela escola onde, desde a semana passada, Silva fazia testes para sua admissão.
"O fato dessa carência financeira, que ele alega, não justifica os crimes. Ele diz que matou para não ser reconhecido. Mas tudo depende agora de uma série de avaliações psicológicas. Nesse momento temos prova da autoria e materialidade do crime. O resto são impressões que chamaram atenção e que não tiram conclusões definitivas sobre o perfil dele", afirmou Reschke.
No último sábado, quando a polícia bateu em sua porta, Silva se mostrou calmo. Deitou no sofá enquanto os policiais vasculhavam o apartamento. "Em momento nenhum ele questionou a ação policia. Deitou no sofá, deixou os policiais à vontade. Não foi agressivo nem ficou surpreso", diz o delegado.
O jovem só mudou a fisionomia quando foi confrontado pelas provas colhidas, como os celulares das vítimas - um estava em seu poder, o outro, com seu irmão -, o bilhete de passagem de Santana do Livramento para Porto Alegre e, por fim, os resquícios de sangue nas roupas.
Na delegacia, ele assumiu os seis assassinatos. "Ele relatou com detalhes do início ao final das ações. Demonstrou pequenos lapsos de remorso e disse que sabia que seria encontrado porque não existe crime perfeito", disse Reschke. As seis mortes renderam a Silva R$ 870.
Nesta tarde, Silva presta novo depoimento à polícia de Santana do Livramento. Algumas testemunhas ainda serão ouvidas, e o resultado de perícias, anexado ao inquérito. De acordo com os policiais, o jovem deve ser indiciado por latrocínio.
Sobrevivente
As câmeras de segurança que auxiliaram a identificar o assassino também flagraram o momento em que um taxista de 29 anos escapou da morte, na zona norte de Porto Alegre. Ele seria a quinta vítima de Silva. Só não acabou morto porque, desconfiado, pediu para que o passageiro sentasse no banco da frente, ao lado dele.
Desconcertado com a atitude, Silva ficou nervoso, mas obedeceu ao motorista. Minutos depois, o taxista parava o carro encerrando a corrida, pois notou que o passageiro estava nervoso demais.
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