Defesa tenta 'desconstruir' imagem de delegado responsável por investigações contra Bola
O primeiro depoimento desta quarta-feira (24), terceiro dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o “Bola”, foi do jornalista José Cleves, arrolado pela defesa. Bola é acusado de ser o executor do assassinato e desaparecimento da ex-modelo Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, condenado por ser o mandante do crime, em 2010. A estratégia da defesa é desconstruir a imagem do delegado, principal responsável pelas investigações que levaram ao indiciamento de Bola.
O ex-repórter do jornal “Estado de Minas” foi o principal personagem de um processo de investigação feito pelo delegado Edson Moreira, que o acusou de ter assassinado a mulher, Fátima Aparecida de Abreu, em 12 de dezembro de 2000. O caso à época ficou célebre em Minas Gerais pelo fato de ter envolvido um repórter investigativo da principal publicação no Estado.
Inocentado de todas as acusações, Cleves escreveu após seu julgamento o livro “Justiça dos Lobos”, em que relatou os supostos erros nas investigações de Moreira. À época, segundo Cleves, foram apresentados dez laudos pela Justiça que contradiziam as investigações de Moreira.
O depoente ainda afirmou que a cobertura da imprensa o prejudicou também, culminando com o julgamento. “O que tinha nos dez laudos emitidos pela Justiça negavam o que Edson Moreira dizia”, afirmou. “Hoje ainda persistem inquéritos mal feitos entregues ao Ministério Público nos quais os promotores pedem para retornar às delegacias para maiores diligências”, disse.
As investigações em juízo sobre o caso da morte da mulher de Cleves teriam revelado uma série de erros e equívocos na condução das investigações. Assim, a defesa de Bola relacionou nas perguntas feitas ao jornalista os supostos diversos equívocos de Moreira na condução das investigações.
José Cleves foi a quarta testemunha ouvida até agora. Na segunda-feira (22), com atraso de cerca de seis horas, foi ouvida a delegada Ana Maria dos Santos (defesa e acusação), uma das responsáveis pelo inquérito que responsabilizou Bola. Ela foi ouvida como informante.
Nessa terça-feira (23) foram ouvidas as testemunhas Jailson Alves de Oliveira (acusação), presidiário que teria ouvido de Bola na prisão de que ele seria o responsável pelo assassinato e desaparecimento de Eliza Samudio. O MP ainda dispensou uma testemunha.
Já a delegada Alessandra Wilke, que seria ouvida como testemunha da acusação, estava a trabalho em uma cidade do interior de Minas Gerais, justificando assim a sua ausência.
Ainda foi ouvido o depoimento do deputado estadual Durval Angelo (PT-MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, arrolado pela defesa. Por fim, o corregedor-geral da Polícia Civil de Minas Gerais, Renato Patrício Teixeira, que constou no rol da defesa.
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