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Para advogado de acusação, testemunha de Bola "trabalhou contra réu"

Carlos Eduardo Cherem e Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem (MG)

24/04/2013 15h14

O advogado José Arteiro Cavalcante, responsável pela acusação no julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, afirmou que o depoimento do jornalista José Cleves, testemunha de defesa, acabou contribuindo para sustentar as teses da acusação.

Bola é acusado de matar a ex-modelo Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, e de desaparecer com o corpo em 2010.

O depoimento de Cleves foi uma tentativa de desacreditar o trabalho da Polícia Civil no caso. O ex-repórter do jornal "Estado de Minas" foi o principal personagem de um processo de investigação feito pelo delegado Edson Moreira, que o acusou de ter assassinado a mulher, Fátima Aparecida de Abreu, em 12 de dezembro de 2000. Cleves acabou inocentado pela Justiça.

Moreira foi o principal responsável pelas investigações do caso Eliza Samudio.

"O feitiço acabou virando contra o feiticeiro. O jornalista [Cleves] revelou que não houve má fé do delegado [Edson Moreira] na condução das investigações, embora tenha relatado erros dele em alguns casos. Isso acabou, a exemplo do que aconteceu com o depoimento do deputado Durval Angelo [realizado antes], favorecendo a acusação", afirmou o advogado.

Segundo Cavalcante, as respostas dados por Cleves sobre a competência profissional de Moreira foram muito “valiosas” para a defesa.

"Para a acusação foi muito valioso. José Cleves disse em  bom português que houve um desacerto entre ele e o delegado, mas que ele tem qualificadores profissionais", disse o advogado.

Após o julgamento que o inocentou, Cleves escreveu o livro "Justiça dos Lobos", em que relatou os supostos erros nas investigações de Moreira.

À época, segundo Cleves, foram apresentados dez laudos pela Justiça que contradiziam as investigações de Moreira.

O depoente ainda afirmou que a cobertura da imprensa o prejudicou também, culminando com o julgamento. "O que tinha nos dez laudos emitidos pela Justiça negavam o que Edson Moreira dizia", afirmou.

"Hoje ainda persistem inquéritos mal feitos entregues ao Ministério Público nos quais os promotores pedem para retornar às delegacias para maiores diligências", disse.

As investigações em juízo sobre o caso da morte da mulher de Cleves teriam revelado uma série de erros e equívocos na condução das investigações. Assim, a defesa de Bola relacionou nas perguntas feitas ao jornalista os supostos diversos equívocos de Moreira na condução das investigações.