UOL na JMJ: Tanto "show da fé" aumenta o espírito crítico de qualquer cristão
Rodrigo Bertolotto
Repórter
30/07/2013 06h00
Deve ser porque é a segunda cobertura em que passei boa parte do tempo fazendo reportagens sobre protestos: meu espírito crítico está mais aguçado. Primeiro foram as viagens em junho pela Copa das Confederações, com manifestações em todas as sedes. Agora foi a vez da visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro.
Durante a Jornada Mundial da Juventude, as passeatas contrárias tiveram suas razões e foram midiáticas, mas as centenas de manifestantes eram ínfimas diante da massa de católicos que tomou a cidade. O jogo pareceu mais equilibrado quando as ativistas incomodaram a Fifa.
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Apesar de toda a comoção provocada pela proximidade do papa, o evento mostrou como o Vaticano só mudou na forma sua relação com o jovem. O conteúdo ainda emperra em valores tradicionais que pouco dialoga com a juventude.
As missas em Copacabana foram um verdadeiro “show da fé”, organizada pela Globo bem ao estilo Hans Donner. Por momentos, parecia uma abertura de Olimpíada. Em outros, lembrava aquele programa "Criança Esperança".
Muitas apresentações no palco tinham tanta música "espiritual" e dancinhas que mais pareciam celebrações de igreja evangélica, justamente o concorrente religioso que está conquistando os jovens no Brasil e na América Latina.
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O papa Francisco está agitando os católicos, que estavam catatônicos com Bento 16 e suas falas em latim. Não por nada, Francisco criticou os “católicos ilustrados”. Ele quer que a estrutura da Igreja vá para as ruas, atrás do fiel pobre. Nunca tinha visto tamanho formigueiro de gente. Pelo menos nestes dias, os católicos estavam por lá.