Com salários atrasados, funcionários de cemitérios entram em greve no Rio
Cerca de 130 funcionários de três cemitérios do Rio de Janeiro que são administrados pela Santa Casa de Misericórdia entraram em greve nesta segunda-feira (26). Eles estão com os salários atrasados e dizem que só voltam a trabalhar quando receberem o pagamento. A instituição informou que vai pagá-los na quinta-feira (29). Os sepultamentos nos cemitérios do Caju, Irajá e Inhaúma, todos na zona norte, estão prejudicados.
O atraso no pagamento dos funcionários dos cemitérios é uma rotina, segundo o diretor social do SindiFilantrópicas (Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas, Filantrópicas e Organizações não Governamentais do Rio), Marcos Flávio de Mendonça.
"É raro quando não atrasam o pagamento, todo mês é a mesma coisa. Eles deviam ter recebido dia 8. Sem contar aqueles que voltam de férias e não recebem também", disse o diretor.
A Santa Casa administra 11 cemitérios no Rio de Janeiro, mas somente funcionários dos três da zona norte resolveram paralisar as atividades depois de uma reunião na manhã desta segunda com o provedor da instituição, o advogado e jornalista Dahas Chade Zarur, 87. Se a instituição não fizer o pagamento até quinta, funcionários de outros cemitérios também devem parar.
No Caju, segundo o administrador Washington Jorge da Silva, pouquíssimos funcionários estão trabalhando e somente enterros já agendados e de mortos com sepulturas próprias estão sendo realizados.
"Os enterros estão normais, mas só pra quem tem jazíguo perpétuo. Quem não é desses casos é aconselhável procurar outro cemitério", disse Silva.
Por meio de nota, a Santa Casa admitiu o problema e informou que passa por uma crise financeira crônica desde que foi descredenciada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). "No entanto, a instituição está providenciando para que os pagamentos sejam feitos o mais rápido possível", diz a nota.
Investigação
O provedor da Santa Casa é alvo de uma investigação da Delegacia Fazendária da Polícia Civil que apura sua evolução patrimonial. De acordo com a delegada Izabela Santoni, titular da unidade, os investigadores pretendem checar se há irregularidades ou vínculo do patrimônio de Zarur com o da instituição.
A investigação foi aberta depois de uma reportagem do jornal "O Globo", publicada no último dia 4, que mostrou que, nos últimos 20 anos, o provedor da Santa Casa foi proprietário de 35 imóveis e participou nesse período de 42 transações imobiliárias quando vendeu ou doou apartamentos e casas a familiares.
Alguns dos imóveis ficam no bairro do Leblon, na zona sul, o mais caro do Rio - o metro quadrado pode chegar a custar R$ 36 mil. A Santa Casa também é alvo de outra investigação da Delegacia Fazendária que apura um suposto esquema ilegal de venda de sepulturas clandestinas em três dos 13 cemitérios públicos administrados pela instituição.
O esquema foi denunciado pelo Fantástico, da "TV Globo", no último dia 7. Há suspeita de crime contra a administração pública. A reportagem mostrou funcionários de pelo menos três cemitérios, entre eles o do Caju, negociando a venda de túmulos de forma ilegal, sem a autorização da prefeitura, por até R$ 150 mil por metro quadrado.
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