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Delegado da PF diz que "rei do feijão" ameaçava fiscais do trabalho em Unaí (MG)

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

27/08/2013 21h32

O delegado da PF (Polícia Federal) Antônio Celso dos Santos, responsável pelas investigações da chacina de Unaí (606 km de Belo Horizonte), em que quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego foram assassinados em 2004, nas proximidades do município mineiro, confirmou nesta terça-feira (27), primeiro dia do julgamento do caso em Belo Horizonte, que Nelson José da Silva, uma das vítimas, disse que Norberto Mânica, um dos acusados de ser o mandante do crime, ameaçava os fiscais que atuavam na região.

O delegado ainda confirmou perante o júri que havia o interesse de Mânica na eliminação do fiscal. “Pelo que pude perceber [durante as investigações], a fiscalização era bastante rígida. Ele [Mânica] estaria disposto a pagar pela eliminação dos fiscais do trabalho”, afirmou Santos.

Norberto Mânica, fazendeiro e um dos maiores produtores de feijão do país, conhecido como o “rei do feijão”, e seu irmão, o ex-prefeito de Unai Antério Mânica (PSDB), entre 2005 e 2012, foram denunciados como mandantes da chacina. O primeiro começa a ser julgado em 17 de setembro, na mesma sessão do júri iniciada nesta terça-feira (27). A data do julgamento do ex-prefeito não foi marcada.

Pela denúncia, a chacina de Unaí foi planejada em razão das diversas autuações trabalhistas de valores milionários contra Mânica, a maioria sobre a acusação da utilização de trabalho análogo à escravidão. 

O alvo principal da ira dos irmãos Mânica era o auditor Nelson José da Silva, que atuava na região. Na inspeção que faria à fazenda do “rei do feijão”, ele se juntou aos auditores de Belo Horizonte João Batista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves, e foram conduzidos pelo motorista Ailton Pereira de Oliveira. Numa estrada vicinal de Unaí, os quatro foram assssinados.

Sentaram no banco dos réus nesta terça-feira (27), os acusados de serem os executores dos homicídios: Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda, que estão presos desde 25 de julho de 2004.

Em 17 de setembro, irão a júri, além de Norberto Mãnica, os acusados de serem intermediários: Norberto Mânica, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Carvalho. Neste dia, também será julgado Humberto Ribeiro dos Santos, pelo crime de formação de quadrilha. Ele é acusado de atrapalhar as investigações.

A ordem do julgamento leva em conta o fato dos acusados de executores estarem presos e outros não.