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Advogados suspeitos de integrar facção em Santa Catarina são libertados

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

17/09/2013 18h35

A juíza Jussara Wandscheer, que conduz em Itajaí (100 km de Florianópolis) o megajulgamento dos 98 réus suspeitos de integrar a facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense),  determinou a soltura, nesta terça-feira (17), dos três advogados acusados de repassar ordens de presos para comparsas nas ruas.

A facção ordenou ataques a ônibus e prédios públicos em novembro do ano passado e em fevereiro, para obter regalias nas cadeias. Os réus podem pegar penas de dois a dez anos.

Os advogados foram ouvidos pela juíza Wandscheer e libertados, mas continuam réus no processo --eles responderão em liberdade. Os réus não poderão entrar em presídios do Estado nem atuar em casos penais enquanto o processo contra não for julgado.

Eram cinco os advogados acusados pelo MPE (Ministério Público Estadual) de ajudar o PGC. Os três soltos são Simone Gonçalves Vissotto, Gustavo Gasparino Becker e João de Souza Barros Filho.

Fernanda Fleck Freitas e Francine Bruggemann, que se notabilizou por tirar a blusa em protesto no momento de sua prisão, já tinham tido suas prisões revogadas antes, em outras instâncias da Justiça. Os cinco negam as acusações.

Julgamento em cadeia

O megajulgamento ocorre num tribunal improvisado na cadeia de Canhanduba, em Itajaí. O processo corre em segredo de Justiça.

As audiências dos 98 réus começaram dia 9. Deles, 55 estavam presos, seis foragidos e 14  respondem em liberdade.

Outros 23 são interrogados por videoconferência pela internet. Eles são os membros do PGC transferidos para fora do Estado em fevereiro, movimento que debelou a última onda de ataques.

Foram 58 atentados em 16 cidades em novembro e 114 em 37 cidades na de fevereiro.

A acusação é comandada pelo promotor Flávio Duarte de Souza.

O depoimento mais importante para a acusação até agora foi o do preso Davi Schroeder, apelidado Gangster, que desafiou a liderança do PGC e repassou às autoridades segredos da facção. Medidas extras de segurança foram tomadas para protegê-lo.

Como a acusação central do processo é de formação de quadrilha (para os ataques incendiários) e narcotráfico, o depoimento de Schroeder teria servido para caracterizar a existência do PGC.

A previsão inicial era encerrar a fase de depoimentos nesta quarta (18). Um prazo de 10 dias será aberto para defesa. A juíza Wandscheer dará sentença em outros 10 dias.