PMs gravaram conversa entre mãe e padrasto de Joaquim no dia do sumiço da criança
Policiais militares gravaram uma conversa entre Natália Ponte, 29, e Guilherme Longo, 28, mãe e padrasto do menino Joaquim, 3, dentro da casa do casal em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), no dia em que foram chamados para investigar o sumiço da criança.
Joaquim foi encontrado morto no Rio Pardo, em Barretos (423 km de São Paulo), em 10 de novembro, cinco dias depois de a família ter anunciado seu desaparecimento. O casal foi preso no mesmo dia. Natália está na cadeia feminina de Franca (400 km de São Paulo) e Longo em uma penitenciária de Barretos.
Considerado o principal suspeito da morte de Joaquim pela Polícia Civil, Longo prestaria novo depoimento nesta quarta-feira (27) na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) em Ribeirão Preto, mas o delegado do caso adiou sua fala.
Segundo o "Bom Dia Brasil", da TV Globo, que disse ter tido acesso ao áudio, Natália questiona o marido sobre o paradeiro da criança e, ao ouvir uma negativa, pergunta a Guilherme se ele tinha saído para comprar drogas, o que ele confirma.
Natália diz que o filho poderia ter ido atrás dele, mas Guilherme afirma que tinha deixado o portão trancado.
Segundo Alexandre Durante, advogado de Artur Paes, pai de Joaquim, que mora em São Paulo, a Polícia Civil teve conhecimento da existência do áudio somente nesta segunda-feira (25) e que o delegado do caso, Paulo Henrique Martins de Castro, da DIG de Ribeirão Preto, deve falar com os policiais que fizeram essa gravação ainda essa semana.
Dois policiais teriam feito a gravação ao deixarem um gravador embaixo do cobertor da cama de Joaquim. Como dois carros da polícia estavam na casa do dia do desaparecimento, Castro deverá ouvir pelo menos quatro policiais, já que havia dois em cada carro, de acordo com o advogado.
"A notícia que chegou ao conhecimento do delegado é que os PMs atenderam a ocorrência e estão de posse de uma gravação. Quando a ocorrência começa a tomar uma forma que possa trazer alguma complicação, eles podem gravá-la”, disse Durante.
Questionado sobre o por quê o delegado demorou tanto para ter acesso ao áudio, Durante afirma que pode ser porque os policiais que fecharam a ocorrência podem não ser os mesmos que gravaram.
O promotor do caso Marcus Tulio Alves Nicolino disse que pretende falar com os policiais nesta quinta-feira (28).
O UOL não conseguiu contato com o delegado nem com a Polícia Militar de Ribeirão Preto.
Contradições
Em depoimento dado no último dia 18, Natália disse que acreditava na possibilidade de o companheiro ter matado Joaquim. A afirmação é vista como importante para ajudar a elucidar o caso. Ela ainda reafirmou que Longo era ciumento e agressivo. Longo negas as acusações, mas sua versão vem mostrando contradições recorrentes.
Na reconstituição do crime no dia 22, na qual fez o mesmo trajeto dito por ele na noite do desaparecimento, o tempo gasto no percurso foi metade do que tinha relatado no dia do desaparecimento. Ele conta que teria saído de casa em busca de cocaína, mas, por não ter encontrado, voltou para casa.
Natália não participou da reconstituição porque na versão dela e do marido ela estava dormindo durante o desaparecimento. A falta de provas que comprovem ao contrário a pouparam da reconstituição, mas de acordo com Nicolino, sua participação não está descartada.
"Nós ainda não conseguimos nenhum elemento de prova que mostre que ela presenciou o que aconteceu. Mas não descartamos uma nova se outras provas aparecerem", disse.
Castro anunciou nesta segunda-feira o pedido da quebra do sigilo telefônico de mais pessoas próximas ao casal, mas não deu detalhes de quem seria. O casal já teve o sigilo telefônico quebrado, o que fez surgir novas contradições no caso.
Longo disse primeiramente à polícia que a mulher tinha ligado anunciando o desaparecimento, mas a Polícia Militar divulgou a escuta de que foi ele quem fez a ligação.
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