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Começa julgamento de morte de menina que caiu de brinquedo no Hopi Hari

Adolescente Gabriella Yukinari Nichimura, que morreu após sofrer um acidente em brinquedo no parque Hopi Hari - Reprodução/Arquivo pessoal
Adolescente Gabriella Yukinari Nichimura, que morreu após sofrer um acidente em brinquedo no parque Hopi Hari Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

27/03/2014 06h00

A Justiça de Vinhedo (83 km de São Paulo) realiza na tarde desta quinta-feira (27) a primeira audiência do processo criminal sobre o caso da estudante Gabriela Yukari Nichimura, que morreu após cair de um brinquedo no parque de diversões Hopi Hari, em fevereiro de 2012.

Os pais da estudante, que moram em Iwata, no Japão, não estarão presentes na audiência. O advogado da família, Ademar Gomes, passará as informações da audiência a eles. “Eles decidiram não vir. É só a primeira audiência, quando houver necessidade virão, com certeza”, informou Gomes.

Na esfera criminal, doze réus respondem por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Entre eles, está o presidente do parque naquela ocasião, Armando Pereira Filho. Sete dos 12 réus ainda trabalham no parque. 

“Se condenados, os acusados poderão pegar de um a três anos de prisão, mais aumento de um terço da pena por inobservância de técnica”, disse o promotor Rogério Sanches, que ofereceu a denúncia à Justiça. “A inobservância de técnica diz respeito ao descumprimento das regras de segurança”, afirmou.

Sanches também disse que a audiência desta quinta é só o começo do processo. “Tem muita gente pra ser ouvida, inclusive por cartas precatórias e rogatórias. O MP arrolou seis testemunhas, mas a defesa arrolou pelo menos 12 e uma delas mora na Suíça e será ouvida por carta rogatória”, afirmou.

Cadeira de brinquedo estava desativada

Nesta quinta-feira, somente uma testemunha de acusação –um funcionário do parque-- será ouvida pelo juiz Fábio Marcelo Holanda, da 1ª Vara de Vinhedo. Para a promotoria, não há dúvidas de que o acidente foi provocado por negligência. “O MP relatou nove erros que originaram o acidente”, afirmou o promotor.

O caso

Gabriela, que tinha 14 anos na época, morava no Japão e passava férias com os pais e a irmã no Brasil. Ela morreu após cair de uma altura aproximada de 25 metros a uma velocidade de 90 km por hora no brinquedo La Tour Eiffel. Ela se sentou em uma cadeira que estava desativada há dez anos.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a estudante sofreu politraumatismo ao cair do brinquedo. Já o laudo do Instituto de Criminalística de Campinas apontou falha humana no acidente que causou a morte da estudante.

A perícia concluiu que um dia antes do acidente, por um equívoco, os técnicos da manutenção mudaram a chave que mantinha o assento interditado.

Em fevereiro do ano passado, na esfera cível, os pais da adolescente e representantes do parque formalizaram um acordo de indenização por danos morais. A família pediu R$ 4,6 milhões, mas um termo de confidencialidade assinado pelas partes impediu a divulgação do valor.

A assessoria do parque de diversões informou, em nota, que não irá se manifestar sobre a audiência marcada para a tarde desta quinta-feira. “O parque aguarda a devida apuração e decisão judicial final”, informou o comunicado.

Já o advogado do ex-presidente do parque e de outros três réus, Alberto Zacharias Toron, afirmou que a expectativa é de que a sessão ocorra em clima de serenidade para que a verdade venha à tona.

Toron disse que a testemunha suíça arrolada no processo representa a empresa responsável pela inspeção no brinquedo. “Achamos importante incluir essa empresa no processo para que tudo fique esclarecido”, disso.