Rebelião com morte de agente abre crise nas delegacias do Paraná
Uma rebelião que resultou na morte de um agente penitenciário no final da manhã deste domingo (11) agravou a crise nas delegacias de polícia do Paraná, que sofrem com problemas de superlotação.
Ainda no domingo, horas após o episódio, o governo estadual anunciou a antecipação do plano para a retirada dos presos em delegacias da Polícia Civil de Curitiba e região metropolitana. Apesar disso, o Sinclapol (Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná) convocou uma paralisação a partir de 0h desta terça (13) para reivindicar melhorias no sistema.
O motim ocorreu na delegacia de Colombo, na região metropolitana, por volta das 11h de domingo. O local tem capacidade para 24 presos, mas abrigava 82.
Dois presos tentaram dominar agentes penitenciários quando os funcionários entregavam as marmitas. Ao perceber a ação, um policial atirou para evitar uma fuga em massa. Os presos também possuíam uma arma e ouve troca de tiros. O agente Eliel Schimerski Santos morreu no confronto. O investigador Diego Elieser Almeida levou um tiro de raspão na testa e foi encaminhado ao hospital, sem risco de morrer. Outro agente penitenciário também ficou ferido.
Dois presos foram baleados e encaminhados ao hospital. Outros dois conseguiram fugir e ainda não foram recapturados.
Superlotação
Em março, depois de prometer receber todos os presos do Estado, a Seju (Secretaria de Estado da Justiça do Paraná) fez a transferência de 320 detentos para centros de triagem estaduais. Porém, não houve novas transferências desde então.
Os primeiros presos a serem transferidos foram os da própria delegacia de Colombo. No domingo, mais 70 detentos foram levados ao Complexo Penitenciário de Piraquara, também na região metropolitana. Permaneceram em Colombo apenas os presos envolvidos na tentativa de fuga, para serem ouvidos pela polícia.
O 11º Distrito Policial, que fica no bairro Cidade Industrial, em Curitiba, também se mobilizou. Nesta segunda (12) pela manhã, os 160 detentos foram levados até o pátio, onde permanecem sob escolta policial, enquanto agentes trabalham para restabelecer a segurança nas celas. Segundo a polícia, a carceragem tem vários pontos destruídos por causa de fugas recentes. Também foram encontradas serras e armas brancas escondidas nas celas.
Paralisação
A resposta do governo não foi suficiente para acalmar os ânimos dos policiais, e o Sinclapol marcou paralisação de 24 horas a partir de 0h de terça-feira (13). Na quarta, a entidade discute em assembleia a possibilidade de uma paralisação por tempo indeterminado.
"Não se pode mais tolerar o esfacelamento do ambiente de trabalho nas unidades policiais, a cada dia mais expostas a rebeliões, ao sucateamento e à insalubridade, tornando-as impróprias ao atendimento público, chegando a ser comparadas, em muitos casos, aos porões da segregação da idade média e dos campos de concentração nazistas, e mais impróprios ainda a prática da atividade laboral de seus operadores, que lá estão morrendo na ilegalidade do desvio de função", disse o Sinclapol, em nota.
A superlotação das cadeias públicas do Paraná tem atrapalhado o trabalho da Polícia Civil na conclusão de inquéritos. Isto porque a falta de estrutura e agentes carcerários dá aos policiais a responsabilidade pela custódia de presos e provoca desvios de funções práticas e administrativas. A situação é de calamidade já que um terço dos presos no Paraná está detido em delegacias.
Desde o final de março, a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba deixou de atender à população durante a noite por causa da superlotação das carceragens.
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