Josmar Jozino

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Reportagem

MP-SP denuncia assassinos de presos que tramaram sequestro de Sérgio Moro

O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) denunciou os presos Luís Fernando Baron Versalli, 53, o Barão; Ronaldo Arquimedes Marinho, 53, o Saponga; Jaime Paulino de Oliveira, 46, o Japonês, e Elidan Silva Ceu, 45, o Taliban, por assassinatos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

Eles são acusados de matar Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Ré, ambos de 48 anos. As vítimas foram degolados no último dia 17, no pavilhão 1 da unidade, durante o banho de sol. Câmeras de segurança do presídio registraram os assassinatos.

Os dois mortos haviam sido presos em março de 2023 e eram acusados de planejar os sequestros do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente (SP). Segundo o MP, as mortes foram ordenadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

Janeferson Aparecido Mariano Gomes (à esq.) e Reginaldo Oliveira de Souza (à dir.) foram mortos
Janeferson Aparecido Mariano Gomes (à esq.) e Reginaldo Oliveira de Souza (à dir.) foram mortos Imagem: Cedido ao UOL

Na denúncia consta que os assassinos impuseram "sofrimento extremo" às vítimas. Ré foi golpeado 32 vezes com canivete e punhal nas regiões da carótida e no abdômen. Nefo agonizou no pátio ao receber 40 golpes no pescoço, cabeça e abdômen.

No documento, os promotores de Justiça afirmam também que "os denunciados receberam no dia anterior aos fatos a ordem do comando do PCC para matar Nefo e Ré". No dia 17 de junho, a determinação foi cumprida à risca.

Os quatro denunciados foram, a princípio, transferidos para a Penitenciária 1 de Avaré (SP), outro forte reduto do PCC no sistema prisional paulista. Eles devem cumprir castigo de até um ano no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes.

Orações e mortes

Imagens de câmeras de monitoramento
Imagens de câmeras de monitoramento Imagem: Reprodução
Imagens de câmeras de monitoramento
Imagens de câmeras de monitoramento Imagem: Reprodução

Enquanto três presos rezavam no pátio do pavilhão 1 da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, os quatro assassinos atraíam as vítimas para a morte. A Polícia Civil apreendeu dois vídeos com imagens das câmeras de segurança da unidade.

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Um deles mostra Jaime, Luís, Ronaldo e Elidan entrando com Ré em um banheiro no pátio do banho de sol, usado antigamente como barbearia. Ré foi atingido primeiro no pescoço. Os assassinos depois foram ao pátio e lavaram as mãos na pia coletiva.

Em meio à primeira atrocidade, três presos portando exemplares da Bíblia Sagrada continuaram rezando no canto do pátio. As câmeras de segurança também registraram a segunda ação brutal. Enquanto o trio orava, Ronaldo, Elidan, Versalli e Jaime se preparavam para matar Nefo.

Ele ainda tentou se livrar dos algozes. Correu de um lado para o outro. Mas foi cercado e levou uma rasteira. Mesmo ferido lutou com os rivais. Porém, foi golpeado várias vezes no pescoço. Perdeu muito sangue. O corpo ficou estirado no pátio.

Os assassinos voltaram à pia para lavar as mãos. O trio religioso não parou de rezar. Os demais presos permaneceram tomando sol, como se nada tivesse acontecido.

Assassinos contumazes

Os assassinos de Nefo e Ré são considerados matadores contumazes e já foram condenados por tirar as vidas de outros rivais em presídios paulistas. Além disso, eles têm extensa ficha criminal e são autores de constantes faltas graves no sistema prisional paulista.

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Ronaldo possui condenação de 41 anos e três meses por homicídio, roubos e outros crimes. Ele cometeu 83 faltas disciplinares de natureza grave e sempre foi indisciplinado. Em 24 de fevereiro de 2016 xingou uma juíza de vagabunda, no fórum de Avaré (SP), durante audiência.

Versalli tem condenação de 69 anos e seis meses por latrocínio (roubo seguido de morte) e homicídios. Em setembro de 2003 foi acusado de matar outro preso, Joseilton Félix, de 29 anos, na cela 317 da Penitenciária de Iaras (SP). Na antiga Casa de Detenção de São Paulo matou dois prisioneiros.

Jaime Paulino Oliveira foi condenado a 36 anos e quatro meses por homicídios. Um dos assassinatos ele cometeu na Penitenciária de Araraquara (SP) em 10 de abril de 1999. O outro crime foi em Campinas). Cometeu nove faltas graves nas prisões.

Elidan possui condenação de 35 anos e dois meses. Em 10 de maio de 2005, ele matou um preso na Penitenciária 2 de Itirapina (SP). Por esse crime recebeu uma pena de 15 anos. Em 2004, durante saída temporária da prisão, matou outro desafeto de uma facção rival ao PCC.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos quatro denunciados. O texto será atualizado caso haja manifestação dos defensores deles.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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