Araraquara (SP) instala holofotes para espantar pombos de parque
A Prefeitura de Araraquara implementou, em caráter de teste, um projeto que usa refletores para espantar os pombos do parque Infantil, um dos principais pontos de lazer da cidade.
Seis holofotes já foram instalados e, segundo a administração, houve, em três semanas, redução em até 90% da presença dos animais. A iniciativa é feita em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e visa diminuir a propagação de doenças, principalmente através das fezes das aves.
Cada um dos holofotes instalados custou R$ 80. A avaliação completa deve ser concluída no segundo semestre deste ano e, se for aprovada, o próximo local a receber os holofotes pode ser o Boulevard dos Oitis, região que fica na área central da cidade e que concentra também grande quantidade dessas aves.
Segundo o secretário de Meio Ambiente de Araraquara, José Antônio Delle Piagge, os refletores foram instalados próximos à entrada do Centro de Educação Infantil, que fica dentro do parque, e as luzes são acesas por volta das 16h40. Os equipamentos possuem luzes amarelas que imitam a radiação solar e não causam danos às aves.
A decisão de utilizar os holofotes, segundo ele, partiu a partir da observação da rotina das aves e de pesquisas na literatura da biologia.
“Regulamos a intensidade da luz e verificamos o melhor horário para que elas sejam acendidas. Nossos resultados preliminares indicam que o teste obteve sucesso, já que, nesses locais, as aves não pousam nem há fezes. Agora, vamos instalar entre 20 e 25 refletores nas demais áreas do parque”, informou Piagge.
Ainda segundo o secretário, o método gerou uma diminuição na quantidade de fezes retiradas do local. “Gastamos em média três caminhões-pipa de água [15 mil litros no total] por dia para limpar a praça. Esperamos que, com os holofotes sendo aplicados em mais áreas, esse total diminua”, disse.
Ibama
Os pombos transmitem várias doenças ao homem, principalmente por vias respiratórias por intermédio da inalação das fezes secas. As principais doenças são a criptococose (micose profunda que pode gerar inflamação no cérebro e meninges), infecções pulmonares causadas por fungos e toxoplasmose.
Apesar disso, eles são considerados pelo Ibama como animais domesticados, o que significa que qualquer ação de controle que provoque a morte, danos físicos, maus-tratos e apreensão, é passível de pena de reclusão inafiançável de até 5 anos.
Por isso Piegge conta que comunicou à unidade do Ibama em Ribeirão Preto sobre a iniciativa e que a instituição aprovou o teste. “Como os pombos não podem ser mortos, eles aprovaram nossa iniciativa e até se dispuseram a ajudar a implantá-las em outras cidades em caso de sucesso”, disse.
Críticas
Para o professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de São José do Rio Preto Luiz Dino Vizotto, um dos maiores especialistas em pombos do país, os holofotes não devem resolver o problema. “Não vejo como os holofotes possa afugentar os pombos. O que adianta, nesse caso, é uma campanha educativa para que as pessoas não alimentem as aves. Além, é claro, do uso de repelentes”, disse.
Vizotto afirmou ainda que as cidades, especialmente as de maior porte, precisam dedicar atenção a questão das doenças transmitidas pelos animais. “Eles são os maiores transmissores de doenças. São uma questão de saúde pública”, informou.
Já o biólogo João Henrique Barbosa, da Secretaria de Meio Ambiente, informou que, no caso de Araraquara, é necessário ainda mais cuidado no manejo dos animais, já que, além dos pombos urbanos, há uma espécie nativa, o chamado pombo de bando. “Essas aves silvestres ficaram sem habitat, por volta da década de 1970, e elas migraram para a cidade. A lei é ainda mais rigorosa e opções que não causam danos, como os holofotes, devem ser utilizadas”, disse.
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