Delegado da PF é denunciado por morte de índio no Pará
O delegado da Polícia Federal Antonio Carlos Moriel Sanches foi denunciado à Justiça nesta semana por causa da morte de um indígena, no Pará, durante a operação Eldorado em 2012.
Adenilson Kirixi Munduruku morreu ao levar um tiro na nuca depois de ser baleado três vezes nas pernas. O crime aconteceu em 7 de novembro de 2012, na aldeia Teles Pires, no oeste paraense, perto da divisa com o Mato Grosso. O Ministério Público Federal denunciou Sanches pelo crime de homicídio qualificado.
A operação Eldorado combatia garimpos clandestinos nas terras Indígenas Munduruku e Kayabi. Sanches coordenava a ação policial.
Se a denúncia for acolhida pela Justiça, o caso irá a julgamento e o delegado pode ser condenado a até 30 anos de prisão.
De acordo com o Ministério Público, houve um confronto quando os índios da aldeia Teles Pires tentavam retirar objetos de uma balsa supostamente usada por garimpeiros. A embarcação seria destruída pelos policiais federais.
Um líder indígena teria tentado conversar com o delegado para pedir que a balsa não fosse destruída. Baseado em depoimentos de testemunhas, o Ministério Público diz que Sanches empurrou o cacique. Em seguida, um dos índios teria empurrado o delegado, que caiu no rio Teles Pires.
Os policiais teriam, então, começado a atirar. Baleado nas pernas, Adenilson Munduruku também caiu na água e levou outro tiro, desta vez na nuca. O autor deste disparo seria o delegado. O corpo da vítima só foi encontrado no dia seguinte.
A exumação feita a pedido do Ministério Público comprovou a execução. A bala saiu pela parte da frente da cabeça da vítima e destroçou vários ossos do crânio.
Outros dois índios ficaram gravemente feridos, mas não foi possível identificar os policiais responsáveis pelos tiros. De acordo com a denúncia, os indígenas estavam sem armas de fogo.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Polícia Federal afirmou que ainda não foi notificada a respeito da denúncia e aguarda um posicionamento da Justiça. Também informou que o inquérito sobre o caso não foi concluído.
Segundo a denúncia, o delegado está vinculado à sede da Polícia Federal em Brasília, mas trabalha em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A corporação não informou onde o delegado trabalha atualmente.
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