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Mulher diz crer que cotovelada foi motivada por ciúme de vizinha

Vagner Magalhães

Do UOL, em São Paulo

05/09/2014 14h26

A auxiliar de produção Fernanda Regina Cézar Santiago, 30, que foi agredida com uma cotovelada na madrugada do dia 16 de agosto, teve traumatismo craniano e chegou a ficar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em São Roque (a 66 km de São Paulo), disse que não é "uma pessoa de arrumar briga". "Essa pessoa [que me agrediu] já estava cismada comigo. Não me recordo o que falei para ele. Quando fui para o hospital, não me lembrava. Só pelas imagens."

Fernanda conta que o pivô da briga pode ser sua vizinha, que segundo ela seria irmã ou prima do agressor, Anderson Lúcio de Oliveira, 35. Segundo ela, a vizinha tem ciúmes dela e teria conversado sobre o assunto com Oliveira.
 
"Devo ter ido falar para ele sobre a Luzinete. Ela fica me provocando, mexendo comigo. O marido dela fica me atormentando. Ela insiste em arrumar encrenca comigo em vez de falar com o marido dela. O marido dela fica pedindo meu telefone. E ela tem ciúme."
 
Fernanda conta que costumeiramente é ameaçada pela vizinha. "Ela me ameaça no portão de casa. Diz para eu ficar esperta, para tomar cuidado que o marido dela conhece um monte de malandro", disse.
 
Fernanda deu uma entrevista na tarde desta sexta-feira (5), na capital paulista, e falou pela primeira vez à imprensa sobre o incidente. "Eu não fiz nada pra ele. Mas, se ele viesse me pedir desculpas, eu aceitaria."
 
O agressor está preso e irá responder por tentativa de homicídio qualificado, já que a vítima não teve chance de defesa, segundo a polícia. Ela teve alta na última segunda-feira (1º) do Hospital Regional de Sorocaba, onde ficou internada por 16 dias. "Eu acredito que Deus cuidou de mim nesse dia."
 
"Estou muito triste até agora. Fomos no baile de aniversário de São Roque para ver os nossos amigos", diz, sobre a noite da agressão, gravada em câmeras de segurança. "Não estava na intenção de arrumar confusão. Sou uma pessoa muito tranquila. Ele [Anderson] é parente de uma vizinha minha. E essa minha vizinha é cismada comigo. Antes, a gente era amigo. Nunca teve confusão entre nós dois", conta. Segundo Fernanda, "por causa da Luzinete, que é prima ou irmã dele", houve a briga.
 
Ela diz ainda estar tomando medicamentos. "Sinto dores de cabeça e dói minha cabeça inteira." E afirma que seu maior desejo "é abraçar o filho".

O dia do crime

A Polícia Civil de São Roque já iniciou as oitivas de testemunhas. Segundo a delegada Priscila de Oliveira, ninguém ainda soube dizer o que causou a discussão. "Algumas testemunhas disseram que a vítima estava falando alto e mexendo com pessoas que passavam pela rua antes da agressão, mas ninguém soube dizer o que ocorreu."

Segundo ela, em depoimento, Oliveira disse que Fernanda estava alterada e que teria xingado ele e o irmão. “Ele diz que deu a cotovelada para afastá-la, não para machucá-la”, afirmou a delegada.

De acordo com Ademar Gomes, advogado da família da vítima, a intenção da família é processar Oliveira também civilmente. “Ele terá de arcar com os custos dos procedimentos médicos e será acionado para que pague danos morais e materiais”, disse. “Esse senhor é descontrolado, já demonstrou que não pode viver em sociedade."

Segundo a polícia, Oliveira tem passagem por contravenção penal por envolvimento com máquinas caça-níqueis. O comerciante também tem registro de um roubo no qual matou o ladrão, mas, por ser considerado legítima defesa, ele não respondeu pelo crime.

Outro lado

A reportagem do UOL procurou na terça-feira (2) o advogado de Oliveira, Claudio Alberto Alves, mas não conseguiu falar com ele. Também foram feitas ligações para o escritório dele, sem sucesso. Em nota enviada à imprensa, no entanto, ele informou que seu cliente está “abalado e chorando”. Ele também está preocupado com a mãe e tem perguntado sobre o estado de saúde de Fernanda.

A reportagem também havia tentado contato com a família do acusado e falou com um cunhado de Oliveira, que se identificou como Márcio, mas ele não quis comentar o caso. Na semana passada, entretanto, o irmão dele, Amilton de Oliveira, afirmou, em entrevista à imprensa da região de Sorocaba, que a família está chocada com o que ocorreu. "Ele chora muito. Pediu para gente ver com a família dela tudo o que precisar, porque ele não é esse monstro que estão falando que ele é. É um trabalhador."