'Não agrega voto', diz presidente do PL-SP sobre cotado para vice de Nunes

O presidente municipal do PL em São Paulo, Isac Félix, criticou a indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) do coronel Ricardo Mello Araújo (PL) para ser vice do prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) alegando que ele não agrega votos.

O que aconteceu

"Queremos alguém que agregue votos", afirmou o vereador sobre Mello Araújo. Ele defende outros nomes do PL para a vaga, como as vereadores Sonaira Fernandes e Rute Souza e a delegada Raquel Galinatti.

Félix avalia que o perfil "linha dura" do ex-comandante da Rota, a elite da PM paulista, pode gerar resistência no eleitorado, sobretudo na periferia. Ele acredita que um nome ligado aos evangélicos, caso de Sonaira e Rute, agregaria mais a Nunes.

Caciques de partidos aliados ao prefeito compartilham da mesma avaliação. Segundo o colunista do UOL, Tales Faria, eles acham que o coronel será "pesado", ou seja, difícil de carregar na campanha. Nesta quarta-feira (19), a bancada do PL na Câmara Municipal de São Paulo divulgou nota dizendo não ter "nada contra a indicação" de Bolsonaro, mas reiterando o apoio a Sonaira, Rute e Raquel Galinatti.

Mello Araújo deve ser anunciado como vice de Nunes nesta sexta-feira (20) pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma agenda com o prefeito. Nesta quarta, um jantar no Palácio dos Bandeirantes com os 12 partidos que apoiam Nunes definiu que a vice ficaria com o PL.

A avaliação entre aliados é de que seria muito difícil rejeitar um nome indicado por Bolsonaro. O coronel é um homem de confiança do ex-presidente e visto como forma de passar um recado ao eleitorado bolsonarista de que ele está envolvido com a campanha. "O cara vai olhar o coronel e dizer 'Bolsonaro está com o Ricardo (Nunes) mesmo", afirmou um dirigente do PL.

O voto bolsonarista é considerado essencial por Nunes na disputa municipal. Ter um nome totalmente ligado ao ex-presidente na vice seria uma forma também de enfraquecer as articulações do coach Pablo Marçal (PRTB), que tenta obter apoio de integrantes do PL à sua pré-candidatura a prefeito. Recentemente, Bolsonaro desautorizou articulações de filiados com Marçal e afirmou que a sigla deve estar unida em torno de Nunes.

Quem é Mello Araújo?

Ex-chefe da Rota, o coronel da Polícia Militar também foi presidente da Ceagesp na gestão Bolsonaro. Mello Araújo ficou à frente do comando da Rota entre 2017 e 2019.

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Quando assumiu o cargo, ele defendeu, em entrevista ao UOL, abordagens diferentes para pessoas na periferia e em regiões nobres. Ele representa a terceira geração de sua família na Polícia Militar de São Paulo.

Seu entorno defende sua gesta à frente da Ceagesp, mas há sindicalistas que o criticam. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação contra a companhia com base nos relatos dos funcionários de militarização dos espaços e abusos.

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