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Americana (SP) registra novos casos de água barrenta e com cheiro de fezes

Eduardo Schiavoni/UOL
Imagem: Eduardo Schiavoni/UOL

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana

29/10/2014 21h32

Depois da coloração amarelada, reclamações de usuários sobre o odor e relatos de resíduos sólidos na água distribuída pelo DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana, a população voltou a conviver, nesta quarta-feira (29), com água barrenta e com cheiro de fezes saindo das torneiras.

O DAE afirma que a mudança de coloração é causada pelo aumento de produtos químicos necessários para o tratamento, mas afirma que a água é potável e não oferece riscos à saúde. 

Apesar disso, a reportagem conversou com quatro pais de alunos, de quatro escolas diferentes, que relataram que a direção das escolas recomendou que os alunos não consumissem água nas escolas. Eles foram orientados a levarem garrafas de água mineral.

“Ninguém proibiu, mas a gente não é louco nem de tomar nem de deixar os alunos tomarem. Eles trazem suas garrafinhas e nós, também”, afirmou uma professora, que pediu para não ser identificada.

População apela a minas e poços para fugir da água barrenta e mal-cheirosa

Com a situação, muitas pessoas passaram a utilizar água de minas e poços. Na rua Carioba, a maior delas chega a registrar filas de duas horas de espera para encher os galões. “Todo dia vou de manhã buscar a água. Encho dois galões de 20 litros e volto. É com essa água que cozinhamos”, conta Henrique Sandoval Lucrécio, 45.

A reportagem falou com outras duas pessoas, e ambas reclamaram da cor e odor da água em seus bairros.

“Ontem mesmo eu estava em casa e tomei um susto quando minha filha, de seis anos, começou a gritar no banheiro. Corri até lá e vi que ela se assustou. Fui perguntar e ela disse que foi porque a água do chuveiro começou a sair preta”, conta a professora Renata Campos Teixeira, 44, que mora no bairro Jaguari.

Já o publicitário Augusto Simões, 32, informou que o cheiro da água que sai da torneira é o que mais incomoda. “A gente toma banho e sai fedendo. O cheiro é insuportável. Você pode ferver que não sai”, conta.

DAE afirma que água é adequada ao consumo

De acordo com o DAE, embora a coloração da água que chega às casas não seja transparente, o líquido é adequado para o consumo e não oferece riscos à população.

Em contato com a reportagem, o chefe da divisão de tratamento de água do DAE, Carlos César Zappia, a situação acontece em função da baixa qualidade de água do Rio Piracicaba, onde a cidade capta a água que utiliza. De acordo com ele, a estiagem fez com que pelo menos 80% do captado seja “esgoto puro”.

Ao ser questionado sobre as novas denúncias sobre a cor e odor da água, Zapia informou que estava em reunião para “debater esse problema seríssimo” e que mais informações seriam passadas à reportagem ao final do encontro, o que deveria ocorrer até às 16h30.

A reportagem tentou contato desde então com o diretor, mas as ligações caíram diretamente na caixa postal.

Procurada, a Cestesb informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem competência para fiscalizar a água que sai das torneiras.

Já a Ares-PCJ (Agência Reguladora das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiai), que regula o DAE, informou que fez o monitoramento da água na semana passada e que embora apresentasse problemas com a coloração, o líquido era potável.

A agência ressaltou ainda que o caso da coloração marrom da água registrada pode ser resultado de resíduos sólidos na rede, já que Americana, devido à crise hídrica, optou por não fazer o descarte de água no fim.