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Comércio fecha na zona norte de São Paulo após suposto toque de recolher

Do UOL, em São Paulo*

25/11/2014 19h53Atualizada em 25/11/2014 21h53

O comércio da zona norte de São Paulo fechou as portas mais cedo nesta terça-feira (25) após um possível toque de recolher ordenado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) --facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas. Estabelecimentos de regiões como Parque Edu Chaves, Vila Maria, Jardim Brasil e Vila Guilherme foram afetados. Um carro e um ônibus foram incendiados na região. Segundo a Polícia Militar, ninguém foi preso até o momento.

A ordem para o toque de recolher circulou na internet e pelo aplicativo móvel Whatsapp no começo da tarde de ontem. Nas gravações, supostos integrantes do PCC ordenavam o fechamento do comércio e ataques a ônibus. A ação do PCC teria sido motivada pela morte de Jeorge Vieira Puciano, conhecido como "JJ", no último domingo (23), na região da Vila Medeiros. 

Em um dos áudios, obtidos pelo UOL, integrantes da facção ameaçam: "Quero dizer aí pra todo o pessoal que faz parte da facção que hoje (...) vai reunir todo mundo aí e a gente vai fazer um 'alvoraço', hein? Só lembrando que o pessoal que mora aí na redondeza, pra guardar carro, o que for. A gente vai sair tacando fogo em tudo".

Há ainda gravações de supostos policiais que pedem que seja redobrada a atenção na região.

"Foi executado numa pizzaria da rua Tosca (...) o vulgo 'JJ'. O primeiro nome dele era Jeorge. Morreu, foi pro inferno, porém ele figurava na zona norte, tava na função de sintonia geral aqui na zona norte (...). Então todos os PMs que moram aí na zona norte tomem os devidos cuidados quando chegarem em casa, ou saírem de casa, porque possivelmente haverá represália", diz o suposto PM.

Relatos

No final da tarde desta terça-feira, um ônibus foi incendiado na avenida Zaki Narchi, perto da sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Santana. Por conta disso, a polícia bloqueou parte da via durante a tarde e início da noite.

"Colocaram fogo no ônibus e por isso não estão passando carros do trecho do Deic até aqueles prédios residenciais [onde o veículo foi incendiado]. O bloqueio começou à tarde, mas acho que podem liberar ainda hoje, tá tudo tranquilo aqui", disse ao UOL um funcionário do posto da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) na avenida Zaki Narchi, que não quis se identificar. O bloqueio foi encerrado por volta das 21h pela polícia.

"Eu estava na cozinha da escola, em Santana, e vi uma fumaça preta no céu. Fiquei assustada, mas achei que era algo que tinha acontecido no parque (Parque da Juventude). Um aluno ligou perguntando se eu estava sabendo do toque de recolher e avisou que não viria para a aula. Em seguida, liguei para alunos das 19h às 21h cancelando as aulas", afirmou Fabíola Silva, professora de uma escola particular do bairro. 

"Eu estava no açougue no Jaçanã, por volta das 18h30. Quando eu já estava pagando a carne, passaram três homens vestidos com short, chinelo, um deles sem camisa e todos com boné baixo escondendo o rosto. Entraram no açougue, bateram no balcão e falaram: 'É toque de recolher, bora fechar, que o bicho vai pegar'. Ali é comum acontecer isso. Todo mundo foi embora bem rápido e o açougue fechou na hora", disse a securitária Érika Cardoso.

"Tem um monte de carros de polícia na rua com as sirenes ligadas. Fui buscar minha filha mais cedo na escola", disse outra moradora da zona Norte.

Segundo o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, o policiamento na região foi reforçado. "Recebemos informações [sobre o toque de recolher] e mobilizamos as forças policiais, mas não há nada de concreto”, disse Grella. 

Em nota, a Secretaria do Estado de Segurança Pública informou que "a Polícia Militar recebeu vários chamados pelo 190 sobre boatos de toques de recolher na Zona Norte. Em decorrência deles, o policiamento foi reforçado nos bairros da região para garantir a segurança da população".

* Com informações da Agência Brasil